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Chico Buarque, Oscar Niemeyer e Leonardo Boff lideram ato político pró-Dilma

A mais expressiva mobilização de artistas e intelectuais para um candidato nestas eleições ocorreu na noite desta segunda-feira, 18, em apoio à Dilma Rousseff (PT). O ato político teve a presença de Chico Buarque, Oscar Niemeyer, Leonardo Boff, Alceu Valença e José Celso Martinez, signatários de um manifesto pró-PT. O teatro Casa Grande, no Leblon, ficou repleto e, no lado de fora, o público precisou ser contido, para não ultrapassar a lotação da casa.

“Minha função aqui é ser papagaio de pirata, tirar foto com a Dilma. E reiterar meu apoio a essa mulher guerreira”, afirmou Chico Buarque. O compositor acrescentou que aprova o governo Lula por “não cortejar os poderosos de sempre”. “Ele fala de igual pra igual. Não fala fino com Washington nem fala grosso com a Bolívia e o Paraguai. Por isso mesmo, é ouvido e respeitado no mundo inteiro, como nunca antes na história deste País”, brincou Chico no rápido discurso, citando o mantra de Lula.

Numa cadeira de rodas, Niemeyer permaneceu no evento até o fim, e foi cumprimentado duas vezes por Dilma. A plateia o recebeu de pé, aos gritos de: “Oscar! Oscar! Oscar! Oscar!”. Mais aclamado que a própria candidata. O frei Leonardo Boff, ex-apoiador de Marina Silva (PV), assumiu a tribuna como principal orador. Segundo Boff, Lula “fez a passagem de um Estado elitista e privatista para um Estado republicano”.

O músico Zeca Pagodinho encaminhou uma mensagem aos presentes, defendendo a continuidade do governo Lula. A cantora Beth Carvalho puxou uma adaptação do samba de Serginho Meriti, “Deixa a vida me levar”, conhecida na voz de Pagodinho: “Deixa a Dilma me levar, Dilma leva eu, deixa a Dilma me levar, Dilma leva eu…”.

Inflamada, a professora de filosofia Marilena Chauí levou ao púlpito um santinho de José Serra (PSDB) com os dizeres bíblicos “Jesus é a verdade e a vida”. “Isso é obsceno. É religiosamente obsceno. É politicamente obsceno… É uma violência contra o ecumenismo religioso”, atacou Marilena.

Última a falar, Dilma fez a defesa dos programas sociais iniciados por Lula e ressaltou o risco de privatização do pré-sal, caso o PSDB saia vitorioso. “Vejo aqui uma parte da minha vida, as músicas da minha juventude e da idade adulta. Com Chico (Buarque) e todos eles. Eu me formei na vida perdendo. Mas, ao mesmo tempo, perdendo e ganhando. Eu tenho muito orgulho de minhas derrotas, porque foram boas derrotas”, declarou Dilma, num longo discurso.

Ela aproveitou a presença de alguns dos principais artistas brasileiros para mudar o viés religioso de sua campanha. “Não queremos o Estado apropriado por nenhuma crença, nenhuma religião… O Estado e a democracia que nós pregamos não pode entrar na vida privada das pessoas”, defendeu. Ao citar as religiões (budismo, catolicismo, etc.), ouviu da plateia: “Ateus!”. “E os ateus, os judeus…”, incorporou a petista.

No trecho mais aplaudido, Dilma sentenciou: “Ninguém respeita quem deixa parte do seu povo na miséria. Pode ser intelectual, mas se não tirar seu povo da miséria, ninguém respeita!”.

Nos bastidores, houve gravações de depoimentos para serem exibidos no programa eleitoral da TV, dirigidos pelo marqueteiro João Santana Filho. Uma parte das declarações de voto já foi publicada no site oficial da candidata.

Veja os presentes no ato político pró-Dilma desta segunda:

* Por Rachel Duarte / Fonte: Sul 21 – www.sul21.com.br / **Fotos: Roberto Stuckert Filho