O comandante geral Polícia Militar do Rio de Janeiro, Mario Sergio Duarte, afirmou neste domingo (28) que as forças de segurança que entraram no Complexo do Alemão, dominada por criminosos ligados ao tráfico, retomaram o território pouco tempo depois do início da incursão. Segundo ele, houve pouca resistência nessa fase e agora começa a varredura casa a casa.
"Vencemos. Trouxemos liberdade para o povo do Alemão", disse ele a jornalistas. "Não tivemos dificuldade. Tivemos cobertura dos helicópteros e os blindados fizeram o seu papel", disse Duarte. Outros policiais no local também celebraram a tomada pelas forças de segurança.
Apesar das declarações, não é possível saber se todas as posições de criminosos dentro da favela foram tomadas. O cerco continua e a fase mais perigosa pode ser a de varredura. Até agora, nenhum traficante apareceu preso ou morto.
Os policiais trabalham com suspeita de que os criminosos estão armados também com dinamite, roubada de uma pedreira da região. Há barricadas e buracos de óleo diesel, para fazer cortina de fumaça contra as forças de segurança. Os tanques militares já estão totalmente dentro do complexo.
Arsenal
A comunidade do Complexo do Alemão amanheceu cercada por homens das polícias Militar, Civil e Federal e também por homens do Exército. A incursão começou de fato por volta das 8h30, quando os tanques das Forças Armadas, principal reforço para a operação de segurança pública, subiram as ladeiras de um dos morros. Um dos helicópteros que acompanha a operação já disparou contra alvos na comunidade.
Os tanques da Marinha que invadiram na quinta-feira a Vila Cruzeiro, até então dominada pelos líderes do Comando Vermelho, circulam na região em velocidade acelerada e os policiais fazem apreensões na região. Em menos de dez minutos, o UOL Notícias encontrou pelo menos dez carros blindados rondando a região. Em um deles, cerca de 15 homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar fluminense) estavam posicionados para o ataque.
O sinal verde para a operação veio depois de uma noite cercada de tensão, com tiroteios eventuais e ameaças das tropas de segurança de fazerem a incursão mesmo no escuro. Os criminosos ligados ao tráfico receberam ultimato da polícia para se entregarem até o fim da tarde de sábado, mas poucos deles o fizeram. Entre os que se renderam, estava o número dois do tráfico no complexo, conhecido como Mister M.
“É hoje, vamos invadir”
O helicóptero blindado sobrevoa a área fazendo voos rasantes. As mais de 40 entradas do Complexo do Alemão permanecem cercadas e vigiadas pelos enviados do Estado. O comércio está fechado. Quase não é possível ver moradores pela rua. Ao que parece, os habitantes do Alemão preferem ficar dentro de casa.
Veículos que obstruíam a entrada na favela estão sendo rebocados. Nas ruas, só é possível ver carros policiais. Depois do fim do ultimato concedido pela polícia, moradores receberam ordens para não saírem de suas casas. Os que estavam fora, foram proibidos de entrar. Fontes de segurança afirmaram que os criminosos estão ficando sem munição e sem mantimentos.