A oposição defendeu nesta segunda-feira o afastamento da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) da relatoria do Orçamento da União de 2011 depois das acusações de que uma de suas servidoras no Senado recebeu emendas parlamentares para o instituto que preside. O presidente do PPS, Roberto Freire (PE), disse que o governo deve escolher um senador Ficha Limpa para relatar o texto.
"Que se encontre outro senador para o lugar desta senadora, senão contamina o Orçamento tanto quanto aconteceu com o relator anterior. Não é possível que o governo não tenha um senador Ficha Limpa para ser relator", afirmou.
Antes de Serys, o senador Gim Argello (PTB-DF) teve que se afastar da relatoria por ter destinado R$ 3 milhões em emendas de sua cota individual para supostas entidades fantasmas de Brasília. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) assumiu o cargo por um dia, mas deixou a função alegando "incompatibilidade" –pois vai assumir um ministério no governo da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT).
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que Serys deveria tomar a iniciativa de se afastar já que há suspeitas sobre sua servidora direta. "É uma denúncia com repercussão, a iniciativa de sair deve ser pessoal", afirmou o tucano.
Na opinião dos oposicionistas, a exoneração da servidora de Serys não encerra os problemas em torno da relatoria. "Eu acho que o correto seria a substituição da relatora", afirmou Dias.
Apesar da pressão para deixar o cargo, Serys disse nesta segunda-feira que não pretende renunciar. A petista afirmou que, como já exonerou a servidora Liane Muhlenberg, não tem envolvimento na liberação de emendas para o Ipam (Instituto de Pesquisa e Ação Modular) e não vê motivos para sair da relatoria.
"Não penso em renúncia, por que pensaria? Nunca fiz emenda nesse sentido, se nunca cometi nenhuma irregularidade. Não usaram meu gabinete. Ela nunca me pediu nenhuma emenda, nunca. Eu não tenho participação nenhuma nessa história."
A servidora foi exonerada na manhã desta segunda-feira após vir à tona informações de que o Ipam, criado em 1997 e por ela chefiado, recebeu R$ 1,8 milhão de reais em 2010. Os recursos públicos chegaram por meio de emendas de três deputados –Jilmar Tatto (PT-SP), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Geraldo Magela (PT-DF).
A entidade teria conseguido R$ 4,7 milhões em convênios com o governo que dispensaram licitação, segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo". A verba destinada ao Ipam foi usada em shows e eventos culturais. Para consegui-la, Liane teria apresentado um documento em que diz não trabalhar no Senado, de acordo com o jornal.