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Pais dizem não à proibição da palmada. E você?

08/02/11

Pesquisa do Datafolha mostra que maioria dos brasileiros é contra o fim da palmada. Especialista afirma que a prática pode gerar ciclo de violência.

Na hora da pirraça e da teimosia, a palmada é a saída usada por muitos pais para disciplinar os filhos. Mas um projeto de lei que tramita no governo pode proibir esta prática, assim como qualquer tipo de castigo físico que provoque dor em crianças e adolescentes. Fica a dúvida, porém, se o Estado deve ou não interferir na forma de educar os filhos.

Conheça o que diz a lei de proibição da palmada

Para a maioria dos brasileiros, não. Foi o que mostrou pesquisa divulgada pelo Datafolha, na última segunda-feira, 26. Do total dos entrevistados, 54% não concordam com a proibição. Emmely Santos, de 26 anos, soma-se a estatística. Ela é mãe do pequeno Eleazar Santos de 1 ano e 6 meses, e também não concorda com a lei.

“A palmada é uma forma de dizer não. Eu não sou a favor de espancar, mas uma ‘palmadinha sem força’ e falar mais duro com a criança é importante, se não pode gerar inversão de papéis e o filho se torna indisciplinado”, afirma a mãe, que disse ter usado poucas vezes a palmada para corrigir, mas geralmente em situações de perigo para a criança.

A psicóloga Maria Inês Bittencourt, no entanto, concorda com a proibição, mas não acredita que a medida seja suficiente para resolver problemas na família. “Não é uma norma que vai interferir na questão psicológica. Por outro lado, essa lei é válida para chamar a atenção para o debate, que é sério. Quanto mais se falar sobre o assunto, melhor.”

Quem apanhou, já bateu nos filhos

A pesquisa apontou que a maior parte dos entrevistados apanhou dos pais e já bateu nos filhos. Do total de 10.095 pessoas, 74% dos homens e 69% das mulheres disseram terem apanhado dos pais. O estudo ainda mostrou que os meninos apanham mais que as meninas e que as mães batem mais que os pais.

Para a psicóloga Maria Inês, a palmada tem um efeito de ciclo de violência e bater pode gerar consequências. “Pais que batem reproduzem o modo como foram educados no passado. É assustador colocar um adulto diante de uma criança indefesa, ainda mais quando esse adulto é responsável por zelar pela segurança da criança.”

A psicóloga avalia a prática como algo violento e humilhante, que pode trazer reflexos à vida adulta. “Essa violência pode gerar uma série de sentimentos na criança, o que pode fazer com que ele queira bater no colega da escola, por exemplo.”

A conversa é o melhor caminho

A especialista também é contra a famosa “palmadinha sem força” e acredita que há outras formas de impor limites, como aumentar o tom de voz e colocar de castigo, explicando o porquê da punição e o que a criança fez de errado. “A conversa é o melhor caminho”, completa.

A mãe Camilla Paiva, 24 anos, concorda com a psicóloga e adota o método mencionado por Maria Inês. Camilla é publicitária e conta que nunca bateu no filho Kauam, de 2 anos. “Você não precisa agredir uma criança para educá-la, até porque bater dói na hora e depois passa. A lição de moral e os ensinamentos são para vida toda.” Ela diz que na hora da correção coloca o filho para pensar no que fez até que ele se acalme, depois conversam. “O respeito vale mais que o medo”, conclui.

on/Por Carla Delecrode e Paula Araujo