03/03/11
A cúpula do PMDB atribui ao ex-presidente Lula a intervenção do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, na negociação do "passe" do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, de saída do DEM.
O vice-presidente Michel Temer e seus aliados acham que Campos não atravessaria com tanta desenvoltura a conversa de Kassab com o PMDB se não tivesse o firme incentivo de Lula, de quem é muito próximo.
O diagnóstico peemedebista é que Dilma Rousseff foi comunicada previamente que o PSB entraria na negociação, mas a presidente "não tem tempo nem temperamento" para se dedicar a esse tipo de articulação.
"É o Lula que quer criar um pólo alternativo ao PMDB, para que em 2014 a vice volte à mesa de negociação", raciocina um dirigente peemedebista.
Temer percebeu a sinalização e tratou de tentar mitigar o golpe de perder Kassab. Agora negocia com os também paulistas Gabriel Chalita e Luiza Erundina, e tenta atrair para a legenda a senadora ruralista Kátia Abreu.
Os dois primeiros ensaiam deixar o PSB por falta de espaço com a chegada de Kassab e sua trupe. A última quer deixar o DEM, mas não se sente confortável de embarcar na sigla que tem "socialista" no nome.
A cúpula do PMDB acha que não é hora de criar tensão com o PT por conta da tentativa de mitigar a força do partido na aliança, mas quer se fortalecer caso o PSB ganhe musculatura a ponto de ameaçar a primazia peemedebista no governo.