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Para Dilma, o País pode conter inflação e crescer

Presidente defende maior oferta de bens e serviços e fortalecimento do mercado interno

ROBERTO STUCKERT FILHO/PR/JC

 
Trajetória de desenvolvimento não deve ser semelhante ao voo de uma galinha, comparou a presidente.

Em meio à polêmica sobre a situação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no governo, a presidente Dilma Rousseff fez nesta quinta-feira uma defesa sobre a política econômica vigente e disse que, ao contrário do que muitos pensam, não se controla inflação derrubando crescimento econômico. Na linha desenvolvimentista, a presidente também propagou a necessidade de reforçar o mercado interno.

"Tem gente que acha que só controla a inflação derrubando o crescimento. Controla-se a inflação não negociando com ela, mas fazendo também o País crescer, aumentando a oferta de bens e serviços", disse ela, durante cerimônia para assinatura de um protocolo de intenções para implantação de uma fábrica de amônia e construção de um gasoduto, em Uberaba (MG). "E que esse crescimento não seja o voo da galinha, em que um ano cresce, no outro para. Queremos um crescimento constante, queremos um patamar de crescimento."

Com memória das políticas adotadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de cujo governo foi ministra,
Dilma Rousseff disse que para tirar parte da população da linha de pobreza é preciso fortalecer o mercado interno. "Tirar o restante da população da pobreza é uma exigência social e ética, é verdade, mas também uma exigência econômica. O País é medido por seu mercado consumidor."

Em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal Valor Econômico, a presidente reiterou que não negociará o combate à inflação e disse que o governo mira o centro da meta de inflação, que é de 4,5% para este ano. Ela também repetiu que o Banco Central é autônomo e que o governo federal "cortará as unhas" dos gastos de custeio.

Em Minas, Dilma ressaltou que o contingenciamento de verbas do governo federal vai continuar afetando as emendas parlamentares. "Estamos publicamente falando que estamos fazendo um contingenciamento de R$ 50 bilhões. Eu manterei esse contingenciamento. Ao mesmo tempo, estamos reajustando o Bolsa Família. Agora, emenda parlamentar vai ter que esperar", garantiu. No evento, a presidente discursou de improviso durante 35 minutos, mas conferiu dados e tópicos em anotações.

Dilma afirmou ainda que fará uma intervenção nos aeroportos do País que incluirá concessões e a atração de investimentos privados para o setor. A presidente afirmou que o modelo que será adotado pelo governo será misto, incluindo dinheiro público e privado.

Ao assinar o protocolo para a construção de fábrica de amônia em Uberaba, Dilma disse que o Brasil passará da importação à autossuficiência, e até mesmo exportação, de fertilizantes, com o investimento de R$ 11,2 bilhões previsto para a produção de matérias-primas do insumo.

Ao justificar os investimentos, a presidente comparou a dependência brasileira de fertilizantes com a que o País tinha em relação ao petróleo. "O Brasil passou a ser grande exportador de petróleo e queremos ser autossuficientes em fertilizantes; é absurdo importar 60% da demanda", disse.

Alta de preços está perdendo força, avalia Guido Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira que a atividade econômica do País está dentro das previsões do governo. Ele afirmou ainda que a inflação segue em um processo de perda de força, o que será verificado com o resultado fechado do índice oficial de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março.

De acordo com o ministro, é possível ver uma desaceleração da economia em alguns setores em relação ao observado no ano passado, quando o PIB teve expansão de 7,5%. "A atividade está dentro das previsões. A economia está desacelerando em alguns segmentos e está mais forte no setor de serviços, portanto, de modo a caminhar para o crescimento de 5%", afirmou Mantega.

O governo trabalha com uma expansão do PIB de 5% neste ano, que seria considerada pela equipe econômica como um crescimento sustentável, reduzindo as pressões inflacionárias. Em relação à inflação, o ministro demonstrou otimismo no controle dos preços. "A inflação está caindo neste mês, devemos ter o IPCA em torno de 0,45%. Portanto está caindo", afirmou.