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Corpo de Alencar deixa Palácio do Planalto para ser levado a Belo Horizonte

O corpo do ex-vice-presidente José Alencar embarcou em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) por volta das 7h30 desta quinta-feira (31) para ser levado a Belo Horizonte, onde será cremado.

O corpo deixou o Palácio do Planalto nesta manhã, por volta das 6h35, em direção a Base Aérea de Brasília. Ontem (30), aconteceram duas missas de corpo presente e mais de 8.000 pessoas passaram pela capital federal, entre desconhecidos, familiares, autoridades e amigos, para prestar as últimas homenagens a Alencar.

O corpo do ex-vice-presidente chegará na capital mineira por volta das 9h. Lá, ele será velado até as 13h, para uma hora mais tarde ser cremado, conforme era seu desejo.

Os mineiros devem ser autorizados a entrar no Palácio da Liberdade. Estarão presentes a presidente, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve Alencar como vice por oito anos. Também devem comparecer ao evento políticos mineiros como o governador Antonio Anastasia, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, ex-ministros e ministros nascidos no Estado e os senadores Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS).

Muitas das autoridades que estarão no velório mineiro já prestaram homenagens a Alencar no Palácio do Planalto, onde o corpo foi velado ao longo de toda a quarta-feira, depois de chegar de São Paulo – o ex-vice-presidente morreu na terça-feira (29), no hospital Sírio-Libanês, após longa batalha contra o câncer. Além da família, devem se deslocar para a capital mineira parentes espalhados pelas cidades interioranas de Ubá, Montes Claros e Muriaé.

Ao lado de Dilma, Lula chora no velório de Alencar

Funcionários da Coteminas, empresa têxtil que deu a Alencar sua fortuna e que hoje é administrada pelo filho Josué, também devem comparecer. Milhares de pessoas devem passar pela antiga sede do governo mineiro para render homenagens. A família do ex-vice-presidente tem residência na capital do Estado, mas a viúva, Mariza Gomes da Silva, passou a maior parte dos últimos anos dividida entre Brasília e São Paulo, onde o marido se tratava.

Quarta-feira de honrarias

No Palácio do Planalto, no primeiro velório desde a morte de Tancredo Neves (1910-1985), o corpo de Alencar foi velado com honras de chefe de Estado – durante as viagens de Lula ele governou por mais de 500 dias e assinou mais de 2 mil decretos presidenciais. A concessão foi feita por Dilma, que antecipou retorno da viagem a Portugal, onde teve reuniões bilaterais e onde Lula recebeu título de doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra.

A primeira missa em homenagem ao ex-vice-presidente foi rezada no Salão Nobre pelo representante do Vaticano no Brasil, o núncio apostólico dom Lorenzo Baldissieri. A segunda, com a presença da presidente e de seu antecessor, teve como condutor o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Dimas Lara Barbosa. Ministros e ex-ministros estiveram presentes nas duas cerimônias religiosas, a pedido de Dilma.

Foram eles que acabaram consolando Lula, que chorou várias vezes, beijou a testa de Alencar e conversou bastante com Josué. Em seu único momento de descontração na noite, ao lado do caixão, o ex-presidente fez à viúva um gesto com o polegar como se estivesse bebendo. O governo transformou o ex-sindicalista e o empresário em grandes amigos, que gostavam de compartilhar doses de cachaça mineira.

Também vestida de preto, Dilma prestou homenagens de forma mais sóbria ao amigo e trocou apenas algumas palavras com a viúva, a quem abraçou no fim da celebração. Ela também consolou a ex-primeira-dama, Marisa Letícia. Mais ouviu do que falou. Sorriu quando Lula fez o gesto com o polegar. E o tocou depois que ele voltou a chorar.

Na missa propriamente dita, o secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Dimas Lara Barbosa, classificou Alencar de “guerreiro vitorioso”. Ele disse ainda que por conta da doença, detectada pela primeira vez em 1997, “nosso irmão já estava preparado” para o fim da vida.

Mais de 8.000 pessoas passaram pelo funeral público em Brasília, segundo a Presidência da República. Entre essas, uma furou a segurança e se aproximou do caixão: a ex-servidora do Palácio do Planalto Marlene Celestino de Araújo colocou um terço nas mãos dele. Depois, abraçou a viúva. A maioria das pessoas mostrava resignação pelo ex-vice, que lutava contra a doença há mais de 13 anos. Mas também havia lágrimas.

Biografia

Mineiro de Muriaé, na Zona da Mata mineira, Alencar é uma figura ilustre no Estado e, por isso, o governo espera um grande número de admiradores para o último adeus na quinta-feira. Antes de se tornar vice-presidente de Lula, foi candidato derrotado ao governo estadual em 1994. Quatro anos depois, elegeu-se senador com 2,9 milhões de votos.

Filho de um pequeno comerciante de um vilarejo mineiro, José Alencar Gomes da Silva começou a trabalhar cedo e deixou a família quando tinha 14 anos para empregar-se numa loja na sede do município de Muriaé. Em 1947, atrás de um emprego melhor, mudou-se para Caratinga, cidade em que conheceu Mariza, com quem se casou.

Aos 18 anos, foi emancipado pelo pai (na época, a maioridade civil ocorria aos 21 anos) e, com apoio financeiro de um irmão, abriu uma loja na cidade – “A Queimadeira”. Hoje, a Coteminas S.A., controlada pela família de Alencar, é a maior empresa do setor têxtil do país e um dos mais importantes grupos econômicos do Brasil.

Em 2002, disputado pelos candidatos à Presidência da República, optou pela aliança com o PT de Lula. Na época, era membro do PL, partido ao qual aderiu depois de perder espaço no PMDB. Em 2006, foi reeleito vice-presidente, desta vez pelo PRB – que dará o seu nome à fundação do partido. Em 2004, ele também ocupou o Ministério da Defesa, em caráter emergencial. A doença o impediu de disputar qualquer cargo em 2010.

Ainda assim, fez campanha por Dilma, que venceu as eleições com grande ajuda dos mineiros. Dificuldades pós-operatórias o impediram de descer a rampa do Palácio do Planalto ao lado de Lula no dia 1º de janeiro de 2011. Alencar lutava contra um câncer na região abdominal há 13 anos e chegou a fazer 17 cirurgias durante o tratamento contra a doença.