A presidente Dilma Rousseff criticou o kit Escola sem Homofobia, também chamado de kit anti-homofobia e kit gay, na manhã desta quinta-feira (26). Ela disse que assistiu a um dos vídeos e não gostou do seu conteúdo.
"Não aceito propaganda de opções sexuais. Não podemos intervir na vida privada das pessoas", afirmou em cerimônia no Palácio do Planalto. A presidente disse, ainda, que o governo defende a luta contra práticas homofóbicas. “O governo pode, sim, ensinar que é necessário respeitar a diferença e que você não pode exercer práticas violentas contra os diferentes.”
Segundo a presidente, a situação está em estudo: “É uma questão que o governo vai revisar, não haverá autorização para esse tipo de política de defesa A, B ou C. Agora, lutamos contra a homofobia”.
Kit gay fica no armário
Depois da pressão da bancada evangélica e de grupos católicos do Congresso e das ameaças dos parlamentares desses grupos de apoiar investigações sobre o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, o governo federal decidiu suspender a produção e a distribuição do kit anti-homofobia, que estava em planejamento no Ministério da Educação. Segundo o governo, todo o material do governo que se refira a "costumes" passará por uma consulta aos setores interessados da sociedade antes de serem publicados ou divulgados.
A pressão dos parlamentares dos grupos de evangélicos e católicos foi feita com ameaças de convocar o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci para esclarecer a multiplicação do seu patrimônio e de pedir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na área da educação por causa do projeto do material que seria distribuído às escolas para promover a diversidade. O governo nega que esse tenha sido o motivo do cancelamento.
Retrocesso
Para especialistas ouvidos pelo UOL Educação, a decisão representa um "retrocesso". Jaqueline Gomes de Jesus, professora da UnB (Universidade de Brasília), considera esse tipo de material sobre a diversidade "fundamental".
“Como as crianças vão conhecer a realidade se não houver material que leve a elas essa informação?”, questiona a psicóloga e doutora em Psicologia Social pela UnB. Ela aponta que em outros países, como nos Estados Unidos, são utilizadas apostilas sobre o assunto e que este é um modo de “atingir as pessoas em um aspecto afetivo”.
Para Evaldo Amorim, presidente da ONG Elos LGBT-DF, impedir a divulgação do kit anti-homofobia é um "retrocesso da sociedade". “A informação é necessária no espaço escolar. É um material didático, responsável, adequado para a faixa etária do ensino médio”, afirmou.
*Com informações da Agência Estado e da Agência Brasil