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Visita ‘pessoal’ de Dilma a Bulgária vira oportunidade de negócios em energia

A visita oficial da presidente Dilma Rousseff à Bulgária, que começa nesta quarta-feira na capital, Sófia, nasceu sob uma motivação pessoal: ela veio conhecer a terra do seu pai. Logo após ser eleita no ano passado, Dilma foi convidada pelo presidente búlgaro, Georgi Parvanov, a conhecer o país de seus antepassados.

Um dia inteiro da visita de dois dias será dedicado à cidade de Gabrovo, região central, onde o pai de Dilma, Petar Roussev (na grafia original), nasceu e morou antes de se mudar para França nos anos 1920, de onde seguiria para a Argentina e finalmente ao Brasil.

Dilma aproveitou a viagem para trazer uma comitiva de alto escalão de empresários, sobretudo do setor de energia. Acompanham o grupo o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, e Maria da Graça Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras e uma das figuras poderosas da empresa.

O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, vê o setor energético como uma oportunidade para o Brasil ampliar a colaboração com o governo búlgaro.

Até a entrada na União Europeia, em janeiro de 2007, a Bulgária era um grande produtor e exportador de energia, gerada sobretudo em suas usinas nucleares. Mas, sob pressão de franceses e alemães, a Bulgária fechou quatro reatores de sua maior usina, a de Kozloduy, como condição para ingressar no bloco.

O país deixou de ser um grande exportador de energia e se viu no dilema de ter de buscar fontes alternativas.

Nesta quarta-feira, empresários dos dois países participam do Fórum Empresarial Brasil-Bulgária. Os representantes da Eletrobras, Petrobras e do Ministério de Minas e Energia farão uma exposição intitulada "Energias renováveis: a experiência brasileira", com o objetivo de exportar o modelo do Brasil de produção de fontes de energia limpa.

Além do setor de energia, também participam da comitiva o presidente da Embrapa, Pedro Antônio Arraes Pereira, e um representante da Embraer, que neste ano fechou um negócio com a Bulgaria Air.

Esforço comercial
Apesar do esforço do governo brasileiro em identificar áreas comuns de interesse, Brasil e Bulgária têm poucas relações comerciais e agendas bastante distintas. O fluxo comercial entre os dois países é quase inexpressivo, de apenas US$ 147 milhões, com um pequeno superávit brasileiro.

A diferença de escala das economias também é enorme. O PIB da Bulgária (US$ 47,7 bilhões) é equivalente ao do estado brasileiro de Goiás. A Bulgária importa do Brasil principalmente minérios, fumo, café e açúcar, e o país representa apenas 0,05% do total das exportações brasileiras.

Os dois países também passam por momentos distintos economicamente. Os dois foram afetados pela crise financeira de 2008, mas em intensidades diferentes.

A Bulgária, cuja economia crescia em média 6% ao ano entre 2004 e 2008, foi fortemente impactada pela recessão global. Em 2009, o PIB do país contraiu 5%, sem conseguir se recuperar em 2010. O principal importador de produtos búlgaros é a Grécia, que está passando por uma grave recessão.

União Europeia
A agenda diplomática da Bulgária é toda voltada à aproximação com a Europa, e não na busca de novos parceiros no mundo emergente.

O país ingressou na União Europeia em 2007, mas não faz parte da zona do euro. No ano passado, alemães e franceses vetaram o ingresso búlgaro no espaço Schengen – que isenta cidadãos da área comum de apresentarem passaportes nas fronteiras.

Eles criticam a falta de combate à corrupção e ao crime organizado por parte do governo búlgaro. Em 2008, por motivos semelhantes, a União Europeia cortou um pacote de ajuda de milhões de euros ao país.

A questão europeia é um dos principais temas das eleições presidenciais que ocorrerão daqui a três semanas.

O aprofundamento das relações da Bulgária com a União Europeia é uma das bandeiras do partido que lidera as pesquisas, o Gerd, que significa Cidadãos pelo Desenvolvimento Europeu da Bulgária.

Nesta quarta-feira, Dilma se encontrará com uma das principais figuras do Gerd, o premiê Boiko Borisov, que tenta emplacar o seu candidato na disputa, o ministro de Obras Públicas, Rosen Plevneliev.

uol/