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Corinthians, Inter e Cruzeiro: os vencedores da rodada final do Brasileirão

Igor Natusch/sul-21

Que ia ser uma rodada de tirar o fôlego, já se imaginava. Afinal, eram 10 jogos espalhados pelo Brasil, dando contornos finais a um Brasileirão disputado e emocionante. A rodada de clássicos, ideia surgida para evitar eventuais jeitinhos e acomodações para prejudicar rivais, teve o efeito esperado: praticamente todos os jogos foram tensos, valendo alguma (ou muita) coisa, todos com sangue nos olhos em busca do algo mais. As maiores festas acabaram sendo do Corinthians, campeão com muitos méritos; do Inter, que venceu o Gre-Nal e conquistou na reta final sua vaga para Libertadores; e do Cruzeiro, que trucidou o Atlético-MG e espantou de vez o risco de rebaixamento. Mas quem sai fortalecido mesmo é o Campeonato Brasileiro, tido por muitos iludidos como de baixa qualidade, mas que mostra na prática que, no quesito emoção, é difícil nos superar – e com futebol cada vez melhor, diga-se.

Em vários pontos do Brasil, o clima pré-jogo era de tensão. E não digo isso apenas do ponto de vista das partidas em si. No Rio de Janeiro, em especial, tivemos tiroteio na Avenida Brasil, brigas nas redondezas do Engenhão e até carros de equipes de TV foram destruídos por torcedores descontrolados. Ou seja, Vasco x Flamengo já começava sob a égide da confusão. Torcedores foram presos em Curitiba e Florianópolis; em ambos os casos, portavam bombas caseiras e armamentos. Em Sete Lagoas (MG), o problema era outro: um acidente tornava difícil o acesso à cidade, trancando o ônibus do Cruzeiro no engarrafamento e criando a possibilidade de atrasos no clássico contra o Atlético-MG.

A rodada começou com o Corinthians campeão, Inter fora da Libertadores, Ceará e Atlético-PR na segunda divisão. Quadro que sofreria algumas mudanças no decorrer da última rodada, mas que terminaria quase do mesmo jeito. O primeiro gol foi do Fluminense contra o Botafogo, logo aos 4mins, Fred assinalando sua disposição tardia em ser artilheiro do Brasileirão. A partir daí, veio o caos. Em MG, Roger fazia o gol que dava alívio ao Cruzeiro; em SP, o São Paulo passava a estar no grupo da Libertadores, gol de Luiz Fabiano contra o Santos. Em seguida, o Botafogo empatou contra o Fluminense, o Atlético-GO fez o primeiro contra o América-MG e o humilde cronista decidiu que seria loucura tentar acompanhar a rodada gol a gol, optando por um relato mais fluido, seguindo o ritmo das marés futebolísticas e detendo-se na análise de batalhas específicas no Brasileirão.

A briga contra o rebaixamento, por exemplo, começou a definir-se rapidamente. O Cruzeiro começou a vencer cedo, como acabamos de contar, e o Ceará fez a mesma coisa, só que ao contrário – levou gol do Bahia em Salvador e viu-se atolado no lamaçal da Série B. Enquanto isso, Coritiba e Atlético-PR faziam um jogo nervoso, sem soluções e ruim para ambos: o empate sem gols tirava o Coritiba da Libertadores e garantia aos atleticanos a passagem só de ida para a degola. Leandro Guerreiro, aos 28mins, e Anselmo Ramon, aos 33mins, trataram de dar contornos quase definitivos à salvação do Cruzeiro – um 3 a 0 que deixava Ceará e Atlético-PR à beira da extrema-unção.

Na ponta de cima da tabela, a coisa se mantinha na mesma até o gol de Diego Souza, de cabeça, aos 29mins no Engenhão. A vitória parcial do Vasco sobre o Flamengo não apenas dava novo fôlego a clubes como Internacional e Coritiba, como deixava o cruzmaltino a uma vitória do título – no caso, a do Palmeiras, que empatava com o Corinthians em partida na qual o Verdão era claramente superior. Nada surpreendente, no fundo: o Corinthians não celebrizou-se por um futebol vistoso, mas sim por conquistar os resultados necessários. O empate era apertado, mas suficiente, e para o Timão estava muito bem assim. Com Inter, Figueirense e Coritiba empatando, Flamengo e Botafogo perdendo, a vaguinha para a Libertadores caía no colo do São Paulo, que metia 3 a 0 no Santos. E assim fomos todos para o intervalo, oportunidade para o cronista tomar um copo d’água e colocar a cabeça no lugar.

Alexandre Vidal / Fla Imagem

O Vasco saiu ganhando, mas Flamengo de Ronaldinho buscou empate e garantiu sua vaga na Libertadores 2012 | Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem

Na volta dos vestiários, ao menos uma certeza: Cruzeiro já vencia por 4 a 0 ao pobre Atlético-MG, o Ceará sofria 2 a 1 do Bahia, e tanto fazia o que o Atlético-PR fizesse contra o Coritiba, porque não se salvaria igual. Ou seja, a briga de baixo ao menos estava definida desde então. A expulsão de Valdívia deixou o Palmeiras com um a menos contra o Corinthians, começando a encaminhar a decisão do título também – o que o empate flamenguista de Renato Abreu contra o Vasco deixava ainda mais consolidado. Restava, portanto, a Libertadores. Que era do São Paulo até D’Alessandro fazer o gol de pênalti aos 16mins do segundo tempo, roubando a vaga para os lados do Internacional. Ao já condenado Atlético-PR, restava segurar o Coritiba e impedir que ele alcançasse a vaga. Fez mais: abriu o placar, com gol de Guerrón aos 28mins da etapa final, e deixou nos pés do Internacional garantir a própria vaga na competição continental.

Depois disso, curiosamente, tudo ficou relativamente quieto. A tensão, óbvio, era intensa; mas gols decisivos não mais aconteceram, as partidas ficaram na mesma, e os últimos 10 ou 15 minutos foram de manutenção de resultados, classificações e eliminações. Deu briga no Engenhão, o pau fechou no Pacaembu, mas nenhum gol aconteceu e o Corinthians levantou, no dia da morte do ídolo Sócrates, a taça de campeão brasileiro. Da mesma forma, o Grêmio pressionou de forma meio atabalhoada, até Victor foi para a área, mas o Inter segurou as pontas e, favorecido pelos resultados, ficou com uma das vagas que restavam na Libertadores. A outra foi do Flamengo, que cumpriu seu papel, empatando com o Vasco. Lá na ponta de baixo, tudo ficou exatamente como estava: o Cruzeiro meteu 6 a 1 no Atlético-MG e deixou Ceará e Atlético-PR com as indesejadas vagas garantidas na Série B.

.o0o.

Encerrada a loucura, cabe o momento de colocar as coisas em ordem, pela última vez nesse Campeonato Brasileiro. Comecemos pelos placares finais dos 10 jogos da rodada:

Inter 1×0 Grêmio
Corinthians 0×0 Palmeiras
Vasco 1×1 Flamengo
Cruzeiro 6×1 Atlético-MG
Atlético-PR 1×0 Coritiba
Botafogo 1×1 Fluminense
Avaí 1×1 Figueirense
Bahia 2×1 Ceará
Atlético-GO 4×1 América-MG
São Paulo 4×1 Santos

A seguir, a classificação final do Brasileirão 2011:

CLASSIFICAÇÃO P J V E D GP GC SG %
1 Corinthians 71 38 21 8 9 53 36 17 62.3
2 Vasco 69 38 19 12 7 57 40 17 60.5
3 Fluminense 63 38 20 3 15 60 51 9 55.3
4 Flamengo 61 38 15 16 7 59 47 12 53.5
5 Internacional 60 38 16 12 10 57 43 14 52.6
6 São Paulo 59 38 16 11 11 57 46 11 51.8
7 Figueirense 58 38 15 13 10 46 45 1 50.9
8 Coritiba 57 38 16 9 13 57 41 16 50
9 Botafogo 56 38 16 8 14 52 49 3 49.1
10 Santos 53 38 15 8 15 55 55 0 46.5
11 Palmeiras 50 38 11 17 10 43 39 4 43.9
12 Grêmio 48 38 13 9 16 49 57 -8 42.1
13 Atlético-GO 48 38 12 12 14 50 45 5 42.1
14 Bahia 46 38 11 13 14 43 49 -6 40.4
15 Atlético-MG 45 38 13 6 19 50 60 -10 39.5
16 Cruzeiro 43 38 11 10 17 48 51 -3 37.7
17 Atlético-PR 41 38 10 11 17 38 55 -17 36
18 Ceará 39 38 10 9 19 47 64 -17 34.2
19 América-MG 37 38 8 13 17 51 69 -18 32.5
20 Avaí 31 38 7 10 21 45 75 -30 27.2

Campeão: Corinthians
Libertadores 2012: Corinthians, Vasco (já tinha vaga como campeão da Copa do Brasil), Fluminense, Flamengo, Internacional e Santos (já tinha vaga como atual campeão da Libertadores)
Copa Sul-Americana 2012: São Paulo, Figueirense, Coritiba, Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Atlético-GO e Bahia
Rebaixados para a Série B em 2012: Atlético-PR, Ceará, América-MG e Avaí
Disputam o Brasileirão em 2012: Portuguesa, Náutico, Ponte Preta e Sport Recife