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Novo Código Florestal pode afetar planeta, afirmam especialistas

Enquanto o Senado brasileiro se prepara para votar a polêmica reforma do Código Florestal que ameaça produzir mais desmatamento, nesta terça-feira (6), o tema é discutido atentamente na COP17, conferência sobre as mudanças climáticas da ONU realizada em Durban, na África do Sul.

De acordo com a diretora de Clima e Energia da organização de especialistas ambientais World Resources Institute, Jennifer Morgan, “há grandes preocupações sobre o código florestal aqui em Durban”. Segundo ela, “o Brasil apresentou um bom progresso na redução de emissões de gases de efeito estufa, provocadas pelo desmatamento, mas a ameaça de que esta trajetória possa tomar uma direção radicalmente diferente com o novo código florestal é muito preocupante”, explicou.

O código florestal obriga os proprietários a manter uma parte intacta da floresta em sua propriedade, que chega a 80% na Amazônia. Sua reforma, que já passou pela Câmara dos Deputados, era uma exigência do setor agropecuário, ávido por ampliar a fronteira agrícola.

O governo federal pretende converter a reforma do código em uma atualização dos agricultores com a lei ambiental que não foi cumprida por décadas. Para isso, aceitaria uma flexibilização em troca do reflorestamento de ao menos uma parte da floresta destruída no passado.

Nesta segunda-feira (5), o Brasil anunciou que em 2011 conseguiu levar o desmatamento da Amazônia ao menor nível em 13 anos: foram 6.200 km2 de selva arrasada, após um pico de 27.000 km2 devastados em 2004.

“Nos últimos seis anos, o declínio do desmatamento na Amazônia brasileira reduziu as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera em aproximadamente 1,5%, mas esta conquista está agora sob ameaça”, avaliou o Instituto de Investigação Ambiental da Amazônia (IPAM).

O Brasil é o sexto maior emissor de gases que provocam o aquecimento global do planeta, principalmente devido ao desmatamento que ataca os seus cinco milhões de km2 de florestas, que cobrem mais de 60% do país.

ONGs apontam as consequências com a aprovação da lei

Diversas ONGs e ativistas protestaram em Durban, na África do Sul, contra as mudanças climáticas | Foto: tcktcktck/Flickr

A organização Greenpeace distribuiu aos membros da delegação brasileira em Durban, onde 190 países buscam soluções contra o aquecimento global do planeta, um cartão postal com uma imagem de uma floresta desmatada e a legenda “22 milhões de hectares podem ser desmatados se o novo código florestal se converter em lei, uma área do tamanho da Califórnia ou da Suécia”.

Já as ONGs Observatório do Clima e WWF afirmam que até 79 milhões de hectares ficarão sem proteção ou não serão recuperados após terem sido desmatados no passado.

Com informações da AFP