Eduardo Moura/Final Sports
O Inter é o campeão gaúcho de 2012. Depois de um primeiro tempo lento e perdedor, o Colorado melhorou com as entradas de Dagoberto e D’Alessandro, terminou o jogo com o 2 a 1 favorável no placar e a 41ª taça do Gauchão no armário. Sandro Silva e Leandro Damião marcaram os tentos vermelhos, enquanto Michel guardou o do Caxias no Beira-Rio.
O próximo compromisso colorado agora será pelo Brasileirão: a estreia é dia 20, próximo domingo, no Beira-Rio, contra o Coritiba, às 16h. Terá a semana toda para treinamentos depois do bicampeonato gaúcho.
O jogo
O domingo de sol, mas clima frio, reservava um capítulo a parte no Dia das Mães. As coloradas e as grenás decidiriam quem seria mais feliz na data reservada a elas. O cotejo iniciou com atraso de cerca de dez minutos, pelas formalidades de execução dos hinos brasileiro e gaúcho.
Um dos principais ingredientes de uma final de campeonato é casa cheia. O Beira-Rio, porém, não lotou. Mas quem foi, em sua maioria colorados, viu um bom jogo de futebol do Caxias. Desde o início, o visitante se postou em campo de forma segura, marcando bem o Inter. O exemplo disso é o primeiro ataque mais perigoso dos 45 minutos iniciais, aos 6 minutos, com Wangler dando um balãozinho com o calcanhar do pé esquerdo em Fabrício e adentrando a área. Índio se jogou na bola e impediu o cruzamento.
Wangler. Guarde este nome. Número 10 às costas, o garoto de 19 anos do Caxias era o estopim de todos os ataques do Caxias. Algo como o D’Alessandro, que iniciou no banco colorado, da Serra gaúcha. Posicionado pela direita, o jogador deu muito trabalho a Fabrício e Guiñazu, principalmente.
O Inter teve três finalizações no primeiro tempo. Pouco para um time que buscava a redenção no Estadual da eliminação na Libertadores. Oscar e Nei foram os responsáveis por obrigarem Paulo Sérgio a se movimentar debaixo das balizas.
Já o Caxias assustou no primeiro tempo, mas nada também com grandes chances de gol. Wangler, sempre ele, assolava o lado direito. Foi ele quem cavou o escanteio que abriu o placar no Beira-Rio. Ele também quem colocou na cabeça de Vanderlei, na primeira trave. O centroavante torneou e deixou Michel livre na segunda para escorar para o gol vazio aos 27 minutos.
A partir disso, o Inter se desestabilizou. Não conseguiu mais criar e teve uma sucessão de erros. Nei e Dátolo erraram passes e domínios que outrora faziam de olhos fechados. A transição colorada esteve lenta, morosa, quase parando. Aos 38, ainda deu tempo para o 10 caxiense cortar Guiñazu e Fabrício e arrematar. Muriel esticou-se e conseguiu acertar as pontas dos dedos na bola, o suficiente para salvar o Inter. Jogadores, dirigentes e torcedores, que vaiaram, compartilhavam o semblante fechado e a irritação. O que contrastava com a felicidade dos serranos.
De pronto, o Inter mudou em duas posições do meio-campo. Tinga e Dátolo ficaram no vestiário e deram lugar a D’Alessandro e Dagoberto. A intenção era aumentar a agressividade. Funcionou. Aos 2, quase gol do Inter. D’Alessandro cruzou da esquerda e Damião dividiu com Paulo Sergio. O goleiro errou, mas tirou com as pernas na sequência.
Aos 6 minutos, mais um ingrediente de final: emoção. Em jogada trabalhada pelo meio, com tabela de Dagoberto e Oscar, o meia colorado colocou a bola na frente e foi derrubado por Lacerda. A chance da redenção e o início da virada. Mas Nei cobrou e Paulo Sérgio voou no canto direito para impedir o tento vermelho.
Ainda que seja injeção de ânimo, o Caxias permaneceu atrás. Por vezes até oito jogadores entravam na área para auxiliar Paulo Sérgio na missão de impedir o gol. O goleiro, aos poucos, foi tirando o prêmio de protagonista da final de Wangler. Depois do pênalti, operou um milagre ao salvar cabeçada de Damião sobre a linha, em seu contrapé.
Sete minutos depois, aos 18, mais uma defesa de cinema. Oscar levantou bola na área e Rodrigo Moledo desviou. Paulo Sérgio deu dois passos para trás e deu um tapa na quando ela recém tinha quicado e entrava em seu gol.
Não havia como ser diferente. Em um jogo de só um time só, o gol sempre acaba saindo – exceção feita, talvez, ao jogo com o Fluminense na Libertadores. Aos 22 minutos, Oscar driblou Fabinho pela direita e cruzou na área da linha de fundo. A zaga não conseguiu tirar, e a bola ficou viva. Sandro Silva tomou às rédeas da situação, driblou e colocou de pé esquerdo. O primeiro a conseguir vencer o paredão Paulo Sérgio.
Foi mais um momento que decisões reservam. Sandro Silva vinha sendo nas últimas partidas muito elogiado pelo treinador e torcida. Tinha atuações de excelência na marcação à frente da área. Foi coroado com o gol que direcionava, naquele instante, a decisão para os pênaltis.
Cinco minutos depois, o castigo a um valente Caxias. D’Alessandro foi acionado por Dagoberto e achou Fabrício ao lado da área. O lateral cruzou na primeira trave. Leandro Damião, especialista, se antecipou a Lacerda e não deu tempo de reação a Paulo Sérgio. A virada estava concretizada.
A partir da virada vermelha, os grenás modificaram sua postura. Embora Wangler tenha ficado às sombras em relação ao seu primeiro tempo, o Caxias foi a frente. Não levou perigo a Muriel, mas respirou da pressão incessante colorada.
O jogo se encaminhou para o final e ficou nervoso. Dorival Júnior reclamou muito da arbitragem e foi expulso. Com menos de cinco minutos em campo, Rafael Santiago já tinha cartão amarelo. O escore, porém, se manteve até o final do jogo. Nos minutos finais, Wangler voltou à cena e obrigou Muriel a voar mais uma vez para garantir o título.
> Campeonato Gaúcho
Final – 2º jogo
Inter 2 x 1 Caxias
INTER
Muriel; Nei, Rodrigo Moledo, Índio e Fabrício; Sandro Silva, Guiñazu, Tinga (D’Alessandro), Dátolo (Dagoberto) e Oscar; Leandro Damião
Técnico: Dorival Júnior
CAXIAS
Paulo Sérgio; Michel, Lacerda, Jean e Fabinho; Umberto (Marcos Paulo), Paraná (Alisson), Mateus e Wangler; Caion e Vanderlei (Rafael Santiago).
Técnico: Mauro Ovelha
Gols:
Inter: Sandro Silva (22min/2ºT), Leandro Damião (27min/2ºT)
Caxias: Michel (27min/2ºT)
Cartões amarelos:
Inter: Fabrício, Guiñazu, Rodrigo Moledo, D’Alessandro
Caxias: Mateus, Michel, Alisson, Lacerda, Caion, Rafael Santiago
Árbitro: Márcio Chagas
Assistentes: Altemir Hausmann e Marcelo Bertanha Barison
Público: 23.028
Renda: R$ 587.160
Local: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Data: Domingo, 13 de maio de 201