Preparados para um cenário de polarização entre PT e PSDB, os dois candidatos não contavam com a resiliência de Celso Russomano, e muito menos com seu crescimento; pesquisa muda toda a estratégia das campanhas
No seu pior cenário, Haddad teria pelo menos 12% das intenções de voto no dia 21 de agosto, quando terá início o horário eleitoral. E, com o tempo maior de televisão, conseguiria rapidamente ultrapassar Russomano. Hoje, a distância que os separa no Datafolha é de 19 pontos – o candidato do PRB tem 26% contra 7% do petista. E o tempo talvez não seja suficiente para uma ultrapassagem.
Diante dos números, até Serra se mostrou surpreso. “Foi surpreendente”, disse ele, ao comentar a pesquisa. “Há três meses, ninguém seria capaz de prever isso”.
Serra se preparou para enfrentar o mesmo adversário de suas últimas eleições: o PT. E denunciou até supostas “práticas nazistas” dos petistas na internet. Em paralelo, os tucanos montaram um grupo chamado de “Infantaria 45”, cujo nome também soa nazista, para enfrentar eventuais ataques na rede. O dado preocupante para os tucanos na pesquisa foi a rejeição de 39% a Serra – a maior entre todos os candidatos.
Haddad preferiu não comentar os números da pesquisa, mas, no PT, o que mais se ouve são os murmúrios das viúvas de Marta Suplicy. Antes da corrida eleitoral, ela aparecia com 30% das intenções de voto, mas foi vetada pelo ex-presidente Lula, em nome do "novo".
Celso Russomano, por sua vez, demonstrou um otimismo contido. “Enquanto PT e PSDB preferem brigar, eu sigo trabalhando”, disse ele. Dias atrás, o colunista Fernando Rodrigues, da Folha de S. Paulo, já havia dito que sua "resiliência" poderia provocar uma zebra em São Paulo. Ele não apenas resistiu, como cresceu. E petistas e tucanos ficaram atordoados.