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Ministro Scheuermann toma posse e fala do orgulho de ser trespassense

O magistrado Hugo Carlos Scheuermann, tomou posse no Tribunal Superior do Trabalho nesta quarta-feira, 22 de agosto, em Brasília. Natural de Três Passos/RS e ex-aluno do Colégio Ipiranga, Scheuermann é oriundo do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região do RS e concedeu esta entrevista à Assessoria de Imprensa do Colégio Ipiranga.

1.Que aspectos marcaram a sua infância e parte da juventude, aqui em Três Passos, que merecem ser destacados?

Ministro Hugo _ Eu nasci no município de Três Passos, no interior, sou o oitavo filho de uma família de descendentes de imigrantes alemães. A dedicação à agricultura de subsistência foi passando de geração em geração, desde o meu bisavô até os meus pais. Iniciei minhas atividades laborativas ainda criança na lavoura de meus pais, juntamente com meus quatro irmãos e três irmãs, em economia familiar, cuja agricultura era desenvolvida mediante meios manuais. Nunca, entretanto, por incentivo e determinação de meus pais, deixei de freqüentar a escola e estudar. Minhas lembranças da infância são de brincadeiras de “crianças da colônia”, época que não havia brinquedos eletrônicos, aliás, nem energia elétrica havia: banhos de sanga, exploração de matos, cipós, andar a cavalo, carros de lomba, fundas, arapucas, além, é claro, do futebol, bola de gude e bicicleta. As crianças vizinhas e também colegas vinham da cidade para brincarmos juntos. Lembro também da alegria das festas em família em datas festivas (natal, páscoa, aniversários), dos casamentos de irmãos, batizados de sobrinhos, além das festas nos vizinhos.

 2. O que representou o Colégio Ipiranga em sua trajetória acadêmica?

Ministro Hugo – Cursei no Colégio Ipiranga em Três Passos – RS, do primeiro ao quinto ano primário, o então ginásio e os dois primeiros anos do então científico, de 1966 a 1977. O Colégio Ipiranga foi muito importante na minha formação acadêmica, por ser a base de tudo, onde fui alfabetizado. Aprendi a ler e escrever com o livro “A PATA NADA”, com alguma dificuldade inicial, em virtude de ter aprendido a falar o dialeto alemão antes do português. Desde cedo passei a gostar das matérias escolares e a entender que o estudo era o caminho que poderia me levar à realização pessoal e profissional. Lembro com carinho daqueles anos em que eu era ainda um menino com muita vontade de aprender e crescer na vida. Fui tomando gosto pelo conhecimento graças aos professores e ao ensino que recebi no Colégio Ipiranga. Hoje, mais maduro, vejo que poderia ter aproveitado muito mais as aulas e me dedicado com mais profundidade aos conteúdos desenvolvidos no currículo escolar.

 3. Quais os motivos de saída da sua terra natal?

Ministro Hugo – O mesmo que na época movia muitos jovens rumo à capital: o de continuar os estudos e fazer um curso superior para vencer na vida. Saí de Três Passos em janeiro de 1979.

 4. O que o motivou a cursar a Faculdade de Direito?

Ministro Hugo – Iniciei o curso de Comunicação na Unisinos (faculdade particular) em 1979, logo após chegar à capital, mas pretendia  cursar Medicina Veterinária na Universidade Federal – URFRS. Interrompi o curso na Unisinos e no final do ano de 1981, desconhecendo motivação especial, resolvi que iria cursar Ciências Jurídicas e Sociais. Iniciei, assim, o curso de Direito na PUC em 1982. Desde o início vi que a escolha foi acertadíssima, porque era minha vocação. Pretendendo trabalhar na área, enquanto eu cursava a faculdade, já em 1983, prestei concurso público para a Justiça do Trabalho, sendo aprovado no cargo de auxiliar judiciário, também desempenhando funções comissionadas de assistente de diretor de secretaria, secretário especializado de juiz, assistente de juiz do tribunal e assessor de juiz do tribunal. Conclui o curso no final de 1986 (formatura em janeiro de 1987). Em 1988, enquanto ainda servidor da Justiça do Trabalho, embora apaixonado pelo Direito do Trabalho, fiz o curso de preparação ao Ministério Público junto à Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul.

 5. Como aconteceu o ingresso ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região?

Ministro Hugo – Como referi, eu fui aprovado em concurso para servidor em 1983. Com o apoio e incentivo de muitas pessoas (não vou aqui nominá-las para não cometer a deselegância de esquecer alguém) segui estudando e em 1989, logrei aprovação no concurso de Juiz do Trabalho e passei, então, a exercer a jurisdição de primeiro grau no interior do Estado do Rio Grande do Sul, atuando como juiz substituto até 1991, quando fui promovido por merecimento a juiz titular. Dez anos depois, em 1999, passei a ser convocado para atuar no Tribunal do Trabalho enquanto presidia a então 2ª Junta de Conciliação e Julgamento de Caxias do Sul. Em 2003 fui promovido por merecimento ao cargo de Desembargador do Tribunal. No TRT Gaúcho integrei, respectivamente, a Terceira, Segunda e Quarta Turmas, a Segunda Seção Especializada e, na condição de eleito, o Órgão Especial. Também me ativei em diversas comissões e atividades administrativas em prol do desenvolvimento da prestação do serviço jurisdicional, como por exemplo, supervisão pedagógica, direção acadêmica e vice-direção da Fundação Escola da Magistratura do Trabalho da 4ª Região (2006-2011); fui membro titular da comissão do concurso para juízes na prova de sentença em 2004; fui membro da comissão de jurisprudência do tribunal (2004-2005); participei do grupo responsável pela reestruturação organizacional e planejamento estratégico do TRT da 4ª Região (2010-2015); participei também do aprimoramento da área de informática (membro da comissão desde 2006), da segurança da informação (desde 2008) e da criação do processo eletrônico; sou gestor regional do programa “Trabalho Seguro” do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e TST; sou membro de comissão para apresentação de projeto de lei visando a regulamentação da destinação das custas e emolumentos arrecadadas pela Justiça do Trabalho (art. 98, §2º, da Constituição). Ainda, como professor convidado exerci o magistério para a formação de candidatos à magistratura trabalhista e novos juízes do trabalho, para a qualificação de servidores e de juízes do trabalho, para operadores do direito em nível de especialização, seja proferindo aulas ou palestras, seja organizando cursos, seminários, painéis de discussões, eventos acadêmicos. Em 2007 cursei pós-graduação lato sensu, titulando-me especialista em Direito do Trabalho e Direito Previdenciário pela Universidade de Santa Cruz do Sul (RS). De novembro a dezembro de 2011 fui convocado para atuar no TST, na cadeira do Excelentíssimo Ministro Lélio Bentes Corrêa. Em 16 de abril de 2012 fui indicado para compor listra tríplice para vaga de Ministro do TST. Em 24 de junho de 2012, após aprovação em sabatina pelo Senado Federal, fui nomeado Ministro do Tribunal Superior do Trabalho pela Presidente da República Dilma Rousseff. No dia 16 de julho de 2012 tomei posse do cargo em gabinete, ou seja, perante o Presidente do TST, Ministro João Oreste Dalazen e, a partir desse juramento, tornei-me Ministro. Na quarta-feira, 22 de agosto, foi será minha posse solene perante Tribunal Pleno do TST, oportunidade em que foi ratificada aquela posse em gabinete e, com certeza, foi um momento de grande emoção, para o qual contei com a presença de familiares, amigos e colegas também de Três Passos.

Colégio Ipiranga – Três Passos/RS