Tragédia: autoridades fazem jogo de empurra
Passado o primeiro impacto da contagem de vítimas, do reconhecimento e da dolorosa despedida dos jovens que perderam a vida no incêndio dentro da boate Kiss, domingo, em Santa Maria, as atenções se voltaram ontem para a responsabilidade do que aconteceu e deu início a um jogo de empurra-empurra entre as autoridades.
Respondendo pela cidade, o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer, preferiu acusar e sair da sala para não responder perguntas dos jornalistas. No encontro marcado pela prefeitura para esclarecimentos sobre a documentação da boate, Schirmer sugeriu que o problema todo girou em torno do alvará da prevenção de incêndio que estava vencido e que este era de responsabilidade do Corpo de Bombeiros.
Segundo ele, o alvará da prefeitura estava regular, com próxima vistoria marcada para abril. O prefeito ainda distribuiu cópias da legislação apontando que é de competência dos bombeiros a fiscalização e o poder de fechar um estabelecimento que eventualmente ofereça risco à sociedade.
Governador reage
Em defesa do Corpo de Bombeiros, o subcomandante do 4º Comando Regional, major Gérson Pereira, causou polêmica dizendo que o Corpo de Bombeiros não tem competência para trocar o forro das casas noturnas. Segundo ele, a população deveria ter cuidado com o lugar que frequenta. Tão logo soube das declarações, o governador Tarso Genro proibiu o subcomandante de dar novas informações.
Já o Ministério Público promete acompanhar passo a passo do inquérito policial. A Polícia Civil informou ontem que identificou o ponto de venda do artefato que deu origem ao fogo. O vendedor disse que ofereceu um Sputnik para ambiente interno, mas a banda não quis comprar pelo preço, de R$ 70. O artefato levado foi um para locais externos, com preço unitário de R$ 2,50.