Após a presidente Dilma Rousseff propor-lhe um pacto contra a pobreza, papa Francisco destaca a importância dos jovens; do lado de fora do Palácio Guanabara, manifestantes protestam contra o governador Sérgio Cabral; segurança foi reforçada e todos os acessos ao palácio estão bloqueados; improviso no trajeto do pontífice à Catedral Metropolitana levou comitiva a parar; mesmo assim, o papa não fechou seu vidro
22 de Julho de 2013 às 18:31
Rio247 – "É uma honra recebê-lo, redobrada por se tratar do primeiro papa latino-americano", discursou a presidente Dilma Rousseff ao receber o papa Francisco no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio de Janeiro. "Lutamos contra um inimigo comum: a desigualdade, em todas as suas formas", disse a presidente, que propôs uma aliança contra a fome e a injustiça no mundo, simbolizada pela pobreza.
Ao comentar as manifestações que tomaram as ruas do país no mês passado, Dilma disse que os jovens querem uma política que atenda aos interesses do povo e que não seja um território de privilégios. A presidente disse, durante o evento no Palácio Guanabara, que seu governo compartilha da preocupação expressada recentemente pelo papa com políticas de saída da atual crise econômica focadas somente na austeridade.
"Aprendi que para ter acesso ao povo brasileiro é preciso ingressar pelo portal de seu imenso coração, por isso permita-me bater delicadamente a essa porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo", discursou o papa Francisco. "Cristo bota fé nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa", destacou.
Destacando a expressão brasileira "menina dos olhos", Francisco perguntou: "O que vai ser de nós se não tomarmos conta dos nossos olhos?". "Que nesta semana cada um de nós se deixe interpelar por essa pergunta", comentou, pedindo atenção para dizer que "a juventudade é a janela pela qual o futuro entra no mundo". O pontífice destacou a importância de garantir segurança e educação aos jovens. "Os braços do papa se alargam para abraçar a nação brasileira", disse, pedindo que ninguém se sinta excluído da atenção do papa.
Após os discursos, Dilma e o papa seguiram para um encontro reservado.
Protesto
Enquanto isso, manifestantes concentrados no Largo do Machado, a cerca de 1 quilômetro do Palácio Guanabara, iniciavam uma marcha em direção à sede do governo fluminense, onde o papa Francisco é recepcionado pela presidenta Dilma Rousseff e o governador Sérgio Cabral em minutos.
Eles gritam palavras de ordem contra o governador Cabral e pregam uma greve geral. Também seguram cartazes com frases contra a corrupção e pedindo mais verbas para a saúde e a educação. Em folhetos distribuídos à população, protestam contra a destinação de R$ 118 milhões – segundo eles – para a visita do papa, sendo R$ 111,5 milhões em verbas federais.
Os manifestantes estão divididos em três grupos: um com bandeiras de partidos de esquerda, outro ligado a estudantes universitários e o terceiro formado por pessoas sem ligações partidárias ou a entidades estudantis. Policiais da Força Nacional de Segurança observam de longe o protesto e evitam circular entre os manifestantes. Todo o perímetro do Palácio Guanabara foi interditado pelas forças de segurança do estado. O prédio encontra-se protegido por cercas de ferro, para impedir o acesso dos manifestantes.
Papa
O deslocamento do papa pelas ruas do Rio de Janeiro foi tumultuado e sua comotiva chegou a ser interrompida mais de uma vez por populares que queriam tocá-lo. Conhecido pela simplicidade e pela informalidade, Francisco nem fechou a janela do carro onde seguia, aberta desde o início do trajeto. O papa beijou uma criança numa das paradas forçadas do veículo onde seguia.
Quando passou a circular no papamóvel, a partir da Catedral Metropolitana, o deslocamento do papa foi mais organizado.
Com Agência Brasil e Reuters