Ainda integrando a base aliada do governo Tarso Genro (PT) no estado, os pedetistas estão debatendo com os diretórios municipais a estratégia política para oficializarem a posição do partido quanto ao pleito estadual; deputado federal pelo PDT gaúcho, Vieira da Cunha aparece como o provável candidato caso o partido opte de fato pela candidatura própria
4 de Setembro de 2013 às 12:09
Iuri Müller, Sul21 – Ainda integrando a base aliada do governo Tarso Genro (PT) no Rio Grande do Sul, o PDT deverá buscar rumos próprios a partir de 2014. Atualmente, o partido realiza encontros em distintas cidades gaúchas para debater com os diretórios municipais a estratégia política – faltam dez, de um total de trinta e oito encontros, para que os trabalhistas oficializem a posição quanto ao pleito estadual. Até aqui, os debates apontam para uma candidatura própria.
Deputado federal pelo PDT gaúcho, Vieira da Cunha aparece como o provável candidato caso o partido opte de fato pela candidatura própria. Vieira foi o único político do partido a levantar espontaneamente o nome para a disputa interna, que permanece aberta. "Tenho dito e reafirmo que meu nome estará à disposição. Logo após o partido definir se haverá candidatura própria, abriremos a discussão sobre os nomes. Eu já apresentei o meu", afirmou.
Segundo Vieira da Cunha, o PDT lança a ideia de encabeçar uma chapa ao Piratini em função do "grande momento" que vive a sigla. "Saímos fortalecidos das eleições de 2012, com a vitória na Capital (com o prefeito José Fortunati) e na maior cidade do interior (com Alceu Barbosa Velho em Caxias). Elegemos setenta prefeitos, temos cerca de setecentos vereadores no estado e uma força política que não pode se autoexcluir do processo eleitoral", defendeu o deputado.
Às vésperas do calendário indicar o último ano do governo Tarso Genro, o PDT permanece no comando de três secretarias do Executivo estadual. Ainda assim, Vieira da Cunha, que também é vice-presidente da executiva nacional do partido, afirma o descontentamento com o mandato. "Existe uma insatisfação da nossa parte com o governo atual, sem demérito ao governador e aos nossos companheiros que participam da administração", disse. Para o deputado, o estado peca principalmente nas ações relativas à educação, "tanto no tratamento dado ao magistério como nas condições física das nossas escolas".
Para vereador da Capital, PDT precisa definir um caminho
O sindicalista e vereador de Porto Alegre, Cláudio Janta, opina que "o partido não pode ter uma pendência a cada eleição". "Até agora estávamos com o governo Tarso, então é preciso definir se vamos seguir assim ou lançar uma candidatura própria no ano que vem", contou. Ainda que pertença a outra corrente política do PDT, Janta também se mostrou favorável a uma iniciativa independente do atual panorama. "Temos um projeto trabalhista para o estado, e não é um projeto democrata, petista ou peemedebista, é uma proposta diferente", afirma.
Quanto à coalizão que pode ser formada com o PDT à frente da candidatura, os dois representantes não descartaram qualquer aliança – partidos como PSB, PC do B, PPS, PSD e DEM permanecem com a situação indefinida no que diz respeito às coligações.
"Temos partidos afinados com o nosso projeto e que estão descontentes com o governo do estado, partidos que são contra as privatizações e a retirada dos direito dos trabalhadores", explicou Janta, que não mencionou diretamente qualquer sigla. Para Vieira da Cunha, a construção de uma aliança deve ser feita "sem preconceitos".
Vieira lembrou que o PDT possui, por si só, pouco tempo disponível para a campanha eleitoral no rádio e na televisão, de modo que a formação de alianças seria um processo inevitável para "uma candidatura forte". Segundo ele, já houve conversas iniciais com o Partido Social Democrático (PSD) e o Democratas (DEM). "Já dialogamos com o Onyx Lorenzoni, presidente do DEM no estado, e com o Danrlei, presidente do PSD. Mas isso acontece também com outras siglas", disse.
"Todos os que estiverem dispostos a construir o programa de governo serão bem vindos. A crise econômica que vive o Rio Grande do Sul é tão profunda e os problemas são tão complexos que a rigor precisaríamos de um governo de coalizão, com todas as forças unidas pelo estado, inclusive o próprio PT", propôs o deputado federal. Janta, no entanto, considerou existem partidos mais próximos ao partido do que o DEM, por exemplo.
"Ouvimos sobre a ligação com o DEM, mas eles têm mais afinidade com outros partidos do que conosco. Mas ainda tem a questão nacional, onde pode aparecer um novo campo, quem sabe uma aliança de centro-esquerda socialista e trabalhista", ponderou o vereador.
Relação entre Carlos Araújo e a ala majoritária teria sido resolvida
Em março de 2013, quando o ex-deputado Carlos Araújo afirmou que retornaria ao PDT sem deixar de criticar os rumos do partido, a relação entre Araújo e a direção nacional da sigla ficou estremecida. Militante do partido até 2000, quando deixou a legenda, Carlos Araújo afirmou que o PDT "havia se afastado do trabalhismo" e sofria "com lideranças eternizadas". Na época, o deputado Vieira da Cunha respondeu com uma carta aberta na qual escreveu que o seu retorno "não seria construtivo".
Hoje, no entanto, as divergências teriam sido amenizadas. "Eu reagi duramente às e declarações do Araújo porque me pareceu que alguém afastado há tempos do partido não tinha legitimidade para fazer esta critica. Depois, tivemos a oportunidade de conversar presencialmente, e em nome de uma relação antiga e da importância dele na construção do PDT, a direção nacional resolveu recebê-lo de volta", revelou Vieira da Cunha, para quem o episódio "está superado". Procurado pela reportagem, Carlos Araújo não se encontrava em casa nesta terça-feira (03).