Os três deputados socialistas da Assembleia do RS – Heitor Schuch, Miki Breier e Catarina Paladini -, que compõem atualmente a base aliada do governador Tarso Genro (PT), foram unânimes em apontar que existe somente duas saídas para o PSB gaúcho: lançar candidatura própria ao Palácio Piratini ou se aliar a algum candidato que fortaleça o palanque do governador de Pernambuco e presidenciável, Eduardo Campos; mas todos eles avaliam que ainda é preciso avaliar a conjuntura política no estado para tomar uma posição definitiva
20 de Setembro de 2013 às 17:43
Samir Oliveira, Sul21 – Nesta semana, o PSB anunciou o desembarque do governo Dilma Rousseff (PT) e a entrega dos cargos do partido. Os dois postos mais importantes dos socialistas eram a Secretaria Nacional de Portos e o Ministério da Integração Nacional.
A saída tem o objetivo de preparar a candidatura do governador de Pernambuco Eduardo Campos à presidência da República. O quadro afeta diretamente a situação do partido no Rio Grande do Sul, cujo diretório regional é comandado pelo deputado federal Beto Albuquerque – principal liderança dos socialistas gaúchos e coordenador nacional da pré-campanha de Eduardo Campos.
Nesta reportagem, o Sul21 ouviu os três deputados do PSB no estado, que compõem atualmente a base aliada do governador Tarso Genro (PT). Todos foram unânimes em apontar que existe somente duas saídas para o partido no Rio Grande do Sul: lançar candidatura própria ao Palácio Piratini ou se aliar a algum candidato que possa oferecer o palanque a Eduardo Campos.
Todas as alternativas levam ao rompimento com o governo estadual, que deverá tentar a reeleição em 2014. Entretanto, os deputados reconhecem que essa saída não será imediata – apesar de o desembarque do governo Dilma ter acelerado as discussões regionais. Na segunda-feira (23), a executiva estadual do partido se reúne às 18h30min para debater a situação. Além disso, já estão agendados cinco encontros regionais durante os próximos dois meses.
No Rio Grande do Sul, o PSB possui o vice-governador Beto Grill e a Secretaria de Infraestrutura e Logística, ocupada por Caleb de Oliveira. A reportagem entrou em contato com a assessoria do vice-governador, que afirmou que ele não poderia comentar o assunto por questões de agenda.
"Que barco vamos ajudar a remar?", questiona Heitor Schuch
Líder da bancada do PSB na Assembleia Legislativa, o deputado Heitor Schuch entende que o partido precisa realizar uma análise de conjuntura. "Nós apostamos neste projeto estadual e ajudamos a elegê-lo. Eu defendo que tenhamos candidato próprio (ao governo gaúcho). Mas, se não tivermos, que barco vamos ajudar a remar?", questiona.
O parlamentar avisa que haverá "necessariamente" um diálogo com os três possíveis candidatos ao Palácio Piratini em 2014: a senadora Ana Amélia Lemos (PP), o deputado federal Vieira da Cunha (PDT) e o ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori (PMDB).
"Temos que ouvir quem, afinal, irá apoiar o Eduardo. Tenho escutado muita gente do PP dizendo que o partido apoiará o (senador) Aécio (Neves, do PSDB). E o PMDB tem a vice-presidência da República e vários ministérios, não é uma tarefa tão simples (apoiar Eduardo Campos)", analisa.
Para Heitor Schuch, o PSB gaúcho deve definir até o final do ano qual será a decisão eleitoral para 2014.
"Não estaremos com Tarso", diz Miki Breier
O deputado estadual Miki Breier diz que o PSB não estará com o governador Tarso Genro nas eleições de 2014. "O que está bem encaminhado e certo neste processo é que não estaremos com Tarso. Ele tem uma candidatura presidencial que não é a nossa", afirma.
O parlamentar reconhece que a situação é complexa, já que o partido apoiou Tarso desde o primeiro turno das eleições de 2010 e possui o vice-governador Beto Grill. "Teremos o vice-governador até o final do governo. Ele foi eleito. Mas o partido terá que construir seu caminho de forma diferente", opina.
Miki Breier é contrário à uma candidatura própria dos socialistas ao Palácio Piratini. Ele considera que "isso não foi construído com mais tempo".
Dentre os possíveis candidatos ao governo gaúcho no próximo ano, o deputado acredita que seja possível estabelecer uma parceria mais sólida com o PDT. "O mais cômodo, no sentido de que traria menos discordâncias e dessintonias no interior, seria uma aliança com o PDT. Há uma discussão nacional para que o PDT lance um candidato a vice de Eduardo Campos. E somos de campos políticos muito próprios", observa. Entretanto, ele avisa que "não temos preconceito com nenhuma das outras candidaturas".
"Temos que ter cautela", entende Catarina Paladini
O deputado estadual Catarina Paladini entende que o partido deve ter cautela durante as negociações de aliança para as eleições estaduais de 2014. Ele reconhece que é preciso dialogar com todos os pré-candidatos, mas ressalta que é necessário ter cautela. "A executiva estadual tem discernimento suficiente para saber qual será o melhor momento de estabelecer aqui o movimento político igual ao que se estabeleceu em Brasília (deixar o governo). Temos que ter cautela, são situações diferentes", ressalva.
O deputado reconhece que o que irá determinar a eleição no estado será a conquista de um palanque para Eduardo Campos, mas afirma que a negociação com possíveis aliados "não pode ser feita a qualquer preço". E comenta que a possibilidade de desembarque do Palácio Piratini não diz respeito somente ao PSB. "Existe uma força política muito forte com o PDT e o Vieira da Cunha, que já dão sinais de uma possível saída do governo. Não é uma situação isolada do PSB", opina.