Revelação foi feita à Comissão da Verdade por um ex-policial federal; segundo João Lucena Leal, plano era capturá-lo no exílio e extrair informações sobre suas ligações com o regime cubano
24 de Novembro de 2013 às 07:44
247 – Um ex-policial federal, chamado João Lucena Leal, hoje com 75 anos, revelou à Comissão da Verdade, que a ditadura militar tinha um plano para sequestrar Leonel Brizola, um dos principais líderes da esquerda brasileira, que criou o PDT. "Os militares não queriam matar Brizola. O plano era trazer ele para o Brasil e extrair informações sobre seus contatos com Cuba", afirma.
A revelação foi feita pelo jornalista Lucas Ferraz, da Folha de S. Paulo (leia aqui). Segundo a reportagem, os militares temiam que Brizola organizasse uma insurreição semelhante à que levou Fidel Castro ao poder, em Cuba.
O ex-policial diz ter se infiltrado na fazenda onde o ex-governador Leonel Brizola vivia no interior do Uruguai, em maio de 66, com o objetivo de criar um plano para sequestrá-lo. "Meu trabalho era levantar as informações sobre a rotina dele para organizar o sequestro", disse o ex-policial. Ele fez as revelações em depoimento à Comissão da Verdade, que vinha sendo mantido em sigilo.
Lucena afirma até que construiu uma relação de simpatia com o político. "Brizola era um conquistador. Nunca tive simpatia por ele, mas ele me conquistou de graça, batendo papo, trocando ideia. Ele era um patriota, um cara muito apaixonado pelo Brasil", afirma Lucena.
Na fazenda, circulavam militares que resistiam ao golpe de 1964. "Todos estavam obcecados com a ideia de derrubar a ditadura", disse.