Presidente da Câmara decreta morte política de José Genoino, que renunciou ontem ao cargo de deputado; PT acredita que Henrique Alves (PMDB-RN) influenciou para que fosse aberto processo de cassação contra o agora ex-parlamentar; nesta manhã, porém, ele reafirmou ter cumprido seu papel; "Não é agradável uma decisão dessa, mas cumpri meu dever. Essa é uma página virada"; com que autoridade, no entanto, Alves determina o fim da carreira de um deputado que atuou por 26 anos na casa? Qual deles será melhor lembrado diante da História?
4 de Dezembro de 2013 às 12:27
247 – O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decretou a morte política do agora ex-deputado José Genoino (PT-SP) ao afirmar, nesta manhã, que o episódio é "página virada" na casa. Alves voltou a defender a postura da Mesa Diretora no caso de Genoino, que cumpre pena por condenação na Ação Penal 470, e ontem renunciou ao mandato antes de enfrentar eventual processo de cassação.
Alguns deputados petistas criticaram a condução dos trabalhos e afirmaram que a Mesa não poderia instaurar processo contra Genoino enquanto ele estivesse licenciado por motivos de saúde. Ao chegar hoje à Câmara, Alves disse que uma decisão como a renúncia é sempre constrangedora. "Não é agradável uma decisão dessa. É sempre constrangedora, mas cumpri meu dever de forma serena e amparada a Constituição", afirmou.
Apesar de desistir de uma possível retaliação a Henrique Alves, a cúpula petista avalia que o episódio deixou consequências na relação. "Me sinto decepcionado com Henrique Alves", disse o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR). Ontem, antes de a Mesa decidir sobre o processo de cassação, o líder do PT, José Guimarães (CE), havia alertado: "se aparecer algum carrasco querendo cassar o Genoino precipitadamente e sem base legal, essa Câmara reagirá".
Henrique Eduardo Alves evitou polemizar sobre as críticas do líder do PT, José Guimarães, que ontem, da tribuna, criticou a disposição da maioria dos integrantes da Mesa em querer instalar processo de cassação de Genoino mesmo ele estando em licença médica. Alves disse que o líder petista, que é irmão de José Genoino, foi respeitoso em seu discurso. "Fiz questão de assistir ao pronunciamento dele, que foi respeitoso. Essa é uma página virada", encerrou.
Em discurso realizado depois do líder do PT, também na noite de ontem, o presidente da Câmara justificou a postura da Mesa. "Em momento algum sentimento menor ou mesquinharia tomaram conta de qualquer um de nós", disse. Alves afirmou ainda que a casa cumpriu as determinações regimentais e que a Presidência tem o bônus do prestígio, mas o ônus de tomar decisões difíceis. Ele lembrou que a prerrogativa de declarar a perda de mandato é do Parlamento.
Justificativas à parte, a questão, no entanto, é: com que autoridade o presidente da Câmara, Henrique Alves, decreta o fim de uma carreira política tão importante como a de José Genoino, que fez história ao lutar contra a ditadura no País e atuou por 26 anos na casa parlamentar?
Com Agência Câmara