"Tem de ter rebelião, gente", pediu empresário Jorge Gerdau, em evento em Porto Alegre; ele assumiu papel de oposicionista radical, mesmo sendo presidente da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Produtividade desde o início do governo Dilma; será que o Brasil não está ao feitio que Gerdau gostaria porque ele mesmo não fez sua parte no governo?; patrão de centenas de milhares de trabalhadores no continente americano, com fábricas do Brasil ao Canadá, empresário corre o risco de ser demitido; falou como um black bloc no momento em que gestão federal busca se reaglutinar; ou foi só da boca para fora?
9 de Abril de 2014 às 19:13
247 – E se ocorrer como quer o empresário Jorge Gerdau? Ou, ao menos, de acordo com o que ele disse em evento empresarial em Porto Alegre, na terça-feira 8, quando argumentou, em discurso, como um verdadeiro black bloc.
– Tem de ter rebelião, gente, disse Gerdau à platéia, reclamando das condições do transporte coletivo, especialmente os trens. Presidente da Câmara de Políticas de Gestão, Desempenho e Produtividade desde o início do governo Dilma Rousseff, o líder do Grupo Gerdau – com dezenas de milhares de empregados do Brasil ao Canadá – corre agora o risco de ser demitido do cargo.
Num momento em que o governo sofre com o cerco de críticas da oposição, Gerdau deu mostras de que gostaria de mudar de lado. Ou de que não estava falando sério. Num tempo de arruaças políticas pelo país, nervos à flor da pele com a chegada da Copa do Mundo e a natural tensão que eleições presidenciais sempre provocam num país de democracia tenra, Gerdau professou, admita ele ou não, a quebra da ordem.
O próprio empresário, além da frente governamental, pode ser prejudicado em seus negócios pela ordem que ele mesmo deu. No ano passado, as manifestações de rua em Porto Alegre, entre as mais violentas do País, escoaram pela conhecida Avenida Farrapos. É lá a sede mundial do Grupo Gerdau. Pregando uma rebelião, mas querendo-a, no fundo, circunscrita ao governo, Jorge Gerdau pode ter acendido um pavio de pólvora em sua própria direção. Se sua ordem for acatada, ele pode ser uma vítima.