Ao completar 85 anos de idade no mesmo dia em que encerra seu mandato, 31 de janeiro de 2015, senador Pedro Simon (PMDB/RS) disse que se aposentará com sessenta anos de vida pública “sem um dia sem mandato sequer”; ele disse que, após deixar o mandato, fará mais atividades para as quais hoje não tem tempo, como viajar e participar de conferências em universidades
30 de Maio de 2014 às 06:17
Agência Senado – Os senadores Pedro Simon (PMDB/RS) e Eduardo Suplicy (PT/SP) receberam nesta quinta-feira (29) um grupo de 100 estudantes para debater questões relacionadas à ética e à cidadania. O encontro faz parte de um projeto interdisciplinar da Escola Comunitária de Campinas em que os alunos realizam pesquisas e apresentam seminários sobre temas atuais. Além do Senado, os jovens visitam a Câmara dos Deputados, o Supremo Tribunal Federal e pontos turísticos da capital e os assuntos abordados durante a viagem voltam a ser tratados em sala de aula.
Participando do projeto pelo décimo quinto ano consecutivo, Simon afirmou que o país vive um momento crítico, referindo-se ao ano eleitoral e à instalação das comissões parlamentares de inquérito (mista e do Senado) para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras.
O senador destacou, entretanto, o que considera avanços, como o julgamento do Mensalão (Ação Penal 470) pelo STF e a aprovação da Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135/2010). Para Simon, o julgamento demonstrou a liberdade e a independência do Judiciário, tendo em vista que nove ministros que votaram pelas condenações foram indicados pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Referindo-se à Ficha Limpa, criticou a demora dos processos judiciais para condenações definitivas, mas ressaltou que a partir deste ano, as condenações em segunda instância já serão suficientes para que candidatos corruptos não sejam eleitos.
Em resposta a perguntas feitas pelos jovens, os senadores se posicionaram contra o financiamento de campanha por empresas e defenderam o voto obrigatório. Simon se disse totalmente favorável à obrigatoriedade do voto por não ver vantagens no voto facultativo. Ele frisou que, apesar do comparecimento à urna ser um dever, o eleitor pode votar em branco ou deixar de votar, bastando uma justificativa simples. O raciocínio foi o mesmo de Suplicy, que apresentou opinião semelhante.
O senador gaúcho falou ainda sobre o fenômeno das redes sociais na participação política, observado especialmente na eleição do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Simon afirmou que cada um deve fazer a sua parte.
— O que eu fiz para melhorar o mundo? — sugere o senador, como “exame de consciência” a ser feito diariamente.
Aposentadoria
Também respondendo a uma questão, Pedro Simon confirmou que deixará a vida pública no próximo ano. Ao completar 85 anos de idade no mesmo dia em que encerra seu mandato, 31 de janeiro de 2015, ele disse que se aposentará com sessenta anos de vida pública “sem um dia sem mandato sequer”.
Simon disse que, após deixar o mandato, fará mais atividades para as quais hoje não tem tempo, como viajar e participar de conferências em universidades.
Experiência
De acordo com a professora Fabiana Saad, que acompanha o projeto desde o início, a fala de Simon sempre foi marcante para os alunos. Ao homenagear o senador, ela afirma que espera contar com seu apoio, mesmo sem exercer mandato.
— Eu não considero que esse seja o último encontro. Eu tenho certeza que o senador vai nos acompanhar em Campinas e vai nos colocar em contato com a riqueza desta experiência, mesmo estando fora da política partidária, porque ele não sai da vida política brasileira.
Pela primeira vez em Brasília, o estudante Lucas de Martin, 15 anos, acredita que essa é uma oportunidade de ter informações além daquelas divulgadas pela mídia, o que contribui para os jovens que se tornem adultos mais responsáveis e antenados.
— Aqui nós sabemos o que realmente está acontecendo com o Brasil, quais são os projetos, o que eles (os parlamentares) pretendem fazer para melhorar o país.
Aos 14 anos, Luiza Martinez, entende que a visita a Brasília, em especial ao Congresso Nacional, é um estímulo à cidadania.
— Aqui a gente respira política mais diretamente. Lá em Campinas a gente acaba não se envolvendo tanto como aqui. Tem muita coisa acontecendo, muita coisa importante, você se sente parte da História. Tudo que acontece aqui afeta a nossa vida, não importa onde a gente mora.