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Simon sobre suicídio de Getúlio: reações imediatas

Às vésperas de completar 84 anos no próximo domingo (24) do suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, o senador Pedro Simon (PMDB) diz que lembra muito bem do acontecimento; "As reações populares foram imediatas. Em Porto Alegre, onde eu vivia, atacaram a sede da polícia, de empresas americanas, do Partido Libertador. Houve incêndio e quebra-quebra", conta

 

22 de Agosto de 2014 às 17:13

Agência Senado – O senador Pedro Simon (PMDB-RS), de 84 anos, lembra-se bem do dia em que Getúlio Vargas se suicidou.

— As reações populares foram imediatas. Em Porto Alegre, onde eu vivia, atacaram a sede da polícia, de empresas americanas, do Partido Libertador. Houve incêndio e quebra-quebra — conta ele, que na época tinha 24 anos e era líder estudantil e militante do PTB, partido de Vargas.

O enterro de Getúlio foi em São Borja (RS), sua cidade natal. Por essa razão, a frequência dos voos entre Porto Alegre e a cidade fronteiriça aumentou e Simon conseguiu embarcar para assistir ao sepultamento. Ele se recorda da multidão que foi dar adeus ao líder e de cópias de sua carta-testamento — célebre pela frase "saio da vida para entrar na história" — sendo distribuídas na cerimônia.

— João Goulart, Tancredo Neves e Osvaldo Aranha [que haviam sido ministros do governo Vargas] fizeram discursos fantásticos.

O de Osvaldo Aranha foi emocionante. Ele contou que Getúlio era rígido nos princípios, não tinha preocupação com as coisas materiais e colocava o bem da sociedade acima de tudo — lembra o senador.
Pouco depois, Simon participou de um debate sobre o suicídio. Ele ouviu de colegas que, segundo a fé católica, os suicidas não vão para o céu.

— Discordei. Não se pode dizer que a morte de Vargas foi um suicídio a rigor. Ele morreu para evitar o derramamento de sangue e uma crise de consequências imprevisíveis. Foi um ato de heroísmo. Teria sido um mero suicídio se ele tivesse sido deposto, regressado para São Borja e só então se suicidado. Com sua morte, Getúlio retardou o golpe militar em dez anos – afirmou Simon.

Getúlio esteve no poder de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954. Para Simon, ele foi um grande presidente. Por exemplo, lembra o senador, deu início à modernização e à industrialização do Brasil, fundou a Petrobras e a Companhia Siderúrgica Nacional, instituiu o voto secreto, liberou o voto da mulher e criou as leis trabalhistas.