Cotação do dia

USD/BRL
EUR/USD
USD/JPY
GBP/USD
GBP/BRL
Trigo
R$ 115,00
Soja
R$ 180,00
Milho
R$ 82,00

Tempo

Estudantes defendem participação popular em Porto Alegre

Organizado por meio das redes sociais, o protesto foi motivado pela decisão da Câmara dos Deputados que derrubou, na noite da última terça-feira, o decreto da presidente Dilma Rousseff (PT) estabelecendo a política nacional; os manifestantes levaram cartazes com frases do tipo “Congresso Conservador é para filho de doutor”, “ao povo, o poder que é do povo”

 

31 de Outubro de 2014 às 05:47

Jaqueline Silveira
Sul 21 – Um grupo de estudantes e alguns integrantes de movimentos sociais fizeram um ato, no final da tarde desta quinta-feira (30), no Largo Glênio Peres, na Capital, em defesa da Política Nacional de Participação Social. Organizado por meio das redes sociais, o protesto foi motivado pela decisão da Câmara dos Deputados que derrubou, na noite da última terça-feira, o decreto da presidente Dilma Rousseff (PT) estabelecendo a política nacional. A matéria será, ainda, analisada pelo Senado.

Os manifestantes levaram cartazes com frases do tipo “Congresso Conservador é para filho de doutor”, “ao povo, o poder que é do povo”. O grupo também usou um megafone para chamar a atenção das pessoas que passavam pelo Largo. “Esse Congresso conservador não representa o povo trabalhador”, gritava o grupo. Algumas pessoas chegaram a parar para saber do que se tratava o ato, além de lerem os cartazes que os estudantes seguravam.

Um dos organizadores do ato, o estudante de Direito da PUC-RS e Ciências Sociais da UFRGS Ramiro Castro ressaltou que os protestos de junho de 2013 sinalizaram “um anseio da população brasileira em participar do processo político” e que é preciso avançar na democracia. “Nós queremos avançar no controle das políticas públicas. Todo o segmento beneficiado pela política pública deve ser consultado. É preciso ouvir suas demandas”, argumentou o estudante. Ele citou como um exemplo bem-sucedido de participação popular o Orçamento Participativo de Porto Alegre, implantado há 25 anos, e que não “tirou o poder de legislar da Câmara de Vereadores”. O estudante criticou, ainda, a postura do parlamento federal. “A Câmara deu um golpe na surdina”, afirmou Castro, acrescentando que novos atos serão organizados em defesa da Política Nacional de Participação Social.

“Está mais do que na hora de termos uma democracia direta”, defendeu a aluna do curso de Geografia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) Thainá Desiré. No mesmo contexto, o pós-graduando em História da Fapa Vicente Schneider acrescentou que é preciso “ouvir as entidades, os trabalhadores para elaborar as políticas públicas”. “Até porque o Congresso não representa o povo. Criar canais é importante para a criação de políticas públicas”, emendou o estudante, ressaltando, no entanto, que “ninguém quer restringir o Congresso”.

Vereadora de Porto Alegre, Jussara Cony (PCdoB) também se juntou aos manifestantes. “É isso exatamente que temos de fazer. Não só os estudantes, mas toda a sociedade. Nós temos de garantir a democracia”, pregou ela, sobre o propósito do ato. Jussara também fez duras críticas à posição da Câmara. “O Congresso, através dos mecanismos que tem, quer patrocinar o recesso”, afirmou a comunista, acrescentando que a decisão do parlamento é motivada pelo fato de não “se conformarem” com a reeleição da presidente Dilma. Militante do movimento contra a ditadura, a vereadora comentou que não quer “mais ver esse filme”, referindo-se “ao retrocesso” no Congresso Nacional que se desenha. Ela sugeriu mais manifestações de rua. “É nas ruas que nós vamos dar sustentação para o projeto avançar. E, é muito importante o papel da juventude, há uma onda de facismo”, avaliou ela, defendendo as reformas política e da mídia.

O estudante Rafael Fernandes Dutra, 26 anos, estava passando pelo Largo Glênio Peres e parou para “escutar” o que os estudantes pregavam.

Nesta sexta-feira (31), será a vez de ele protestar, porém, contra a ameaça de fechamento da Escola Municipal de Ensino Fundamental Porto Alegre que atende jovens e adultos em situação de rua. Os alunos pretendem fazer uma manifestação em frente à prefeitura da Capital no começo da manha e da tarde desta sexta. “Não queremos estudar em escola de rico para passar preconceitos”, protestou o estudante da 7ª série.