Efeito Francisco
O ano de 2014 foi o mais progressivo da Igreja Católica
Sob o comando do Papa Francisco, o Vaticano adotou uma abordagem mais liberal sobre temas que afastam os fieis do catolicismo
25 de dezembro, 2014/ON
Francisco tornou a aproximar os fiéis do catolicismo (Reprodução/AP
Em 2014, a Igreja Católica passou por uma verdadeira revolução. Sob o comando do Papa Francisco, o Vaticano adotou um discurso diferente sobre questões que vêm fazendo a igreja perder fiéis, especialmente entre os jovens.
Exemplo disso é a forma como o Papa aborda a homossexualidade. Durante séculos, a igreja tratou a questão como um “distúrbio” do ser humano. O Papa, no entanto, adotou um tom mais liberal sobre o assunto. Questionado sobre a relação da igreja com os gays em uma coletiva de imprensa, o papa soltou a famosa frase “Quem sou eu para julgá-los?”.
Consciente de que a politização da religião afasta os fiéis, o Papa pediu aos bispos americanos que deixassem de lado a luta contra o casamento gay e o aborto e focassem em combater a desigualdade, que, segundo ele, é “a raiz dos males sociais”.
Francisco também acabou com a “carta branca” para crimes de abuso de poder e sexuais praticados por membros do clérigo. O bispo alemão Franz-Peter Tebartz-van Elst, por exemplo, foi afastado do cargo por tempo indeterminado, acusado pelo Vaticano de esbanjar verba da igreja com luxo.
O Papa também ordenou uma intensa investigação no banco do Vaticano para desarticular um esquema de lavagem de dinheiro no órgão. Com isso, Francisco aumentou a transparência dentro das instituições da Santa Sé.
Assim como o Papa João Paulo II, Francisco não mudou nenhum dogma católico. O que ele fez foi adotar um tom mais misericordioso acerca de temas que afetam a sociedade. Para a irmã Camille D’Arienzo, ex-presidente da liga de mulheres religiosas dos EUA, o “efeito Francisco” ajuda a reaproximar a igreja dos fiéis. “Ficou mais fácil convencer meus amigos católicos de que não apenas há um Deus misericordioso, como também há uma igreja misericordiosa”, disse Camille, em entrevista à uma rádio de Nova York.