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Foi bom enquanto durou – Wilmar Rodrigues de Almeida

                                     FOI BOM ENQUANTO DUROU

Os dirigentes de todos os países procuram um sistema de governo que promova o progresso,  o bem estar e a felicidade de suas populações. Alguns acreditam que  o modelo ideal é o democrático, outros, o socialista, outros o comunista, e assim por diante, inclusive aqueles de cunho religioso. Os dirigentes  do  Brasil não fugiram  à regra. Diante da desgraça que foi o período da ditadura militar, um punhado de  insurgentes, combatidos como terroristas e,  como tal, perseguidos e   torturados, conseguiram derrubar o regime ditatorial. Sem derramamento de sangue, nem   no momento da implantação do regime militar, nem no da  sua  derrubada.  O  regime democrático foi restabelecido. Uma nova Constituição foi outorgada,  a Constituição Cidadã.  Foram eleitos presidentes, os    paladinos da democracia, e o Congresso Nacional foi composto  por verdadeiros baluartes  do modelo  democratico. O povo festejou nas ruas essa mudança  que devolveria  o bem estar e a felicidade dos brasileiros. Os governos  democráticos  reconheceram  a coragem  e o sofrimento daqueles insurgentes, reconhecidos como heróis  e, como tal,  indenizados e aposentados como reparação pelos prejuizos morais e materiais que tiveram.  Foram precisos alguns anos para que os novos governantes pudessem reorganizar o país e prepará-lo  para  o período de progresso e, consequentemente, de bem estar e de felicidade para o seu povo.  Com o país   organizado,  os sinais de prosperidade  levaram os brasileiros  a  uma euforia sem limites. Era hora de  seus governantes sairem pelo mundo a falar da excelência do seu modelo de governar. Seria mesquinho não partilhar  com  outros povos esse segredo de como proceder uma boa governança. Chamou-se a atenção até de dirigentes de países como os Estados Únidos e a Alemanha para que copiassem  esse modelo redentor implantado no Brasil.  O mundo estava extasiado com o Brasil, país da felicidade e da alegria,    e extasiado  com os seus governantes.  O país era um dos poucos que haviam erradicado a fome, a falta de habitação  e investido prioritariamente na Educação.  O  Brasil  perdoava dívidas de países mais pobres,  refazia contratos que pudessem ser considerados leoninos  pelos nossos visinhos, financiava  a infraestrutura, estradas,  agricultura e grandes obras para que, no final todos pudessem ser felizes, também, como os brasileiros. Verificava-se que as pessoas com alguma influência no governo faziam fortunas fabulosas  num piscar de olhos. Uma maravilha. O Brasil ainda não era a Ilha da Fantasia, mas estava bem perto. O  sistema democrático era, pois, o modelo perfeito de governar. Ou quase. Pois, como tudo que é bom dura pouco, há alguns anos atrás  já se podia notar sinais de que alguma coisa não estava funcionando bem no Governo. Esses sinais foram se tornando mais insistentes e mais evidentes. Mas o Governo fechava os olhos e os ouvidos a esses sinais que, achava, deveriam ser passageiros.  Os deuses não erram, e os governantes brasileiros eram deuses, os seus conhecimentos e as suas competências  estavam acima de qualquer suspeita. Surpreendentemente, o castelo era de cartas e ruiu. Ruiu para valer, não sobrou pedra sobre pedra, ou melhor, não sobrou carta sobre carta. Descobriu-se que o sistema democrático  era perfeito mas de curta duração, tinha prazo de validade. Verificou-se, também  que o sistema, ao final da sua validade, deixa nas pessoas uma sonolência. Elas custam a acordar.   Wilmar Rodrigues de Almeisa – advogado.