NO MATO SEM CACHORRO
A aflição dos brasileiros aumenta ao saber que a luz no fim do tunel não aparecerá no corrente exercício. O seu maior desconforto está em saber que o ano de 2016 exigirá, ainda, muito mais sacrifício. As maiores dificuldades ainda estão por vir e não são mais meras suposições que poderiam, ou não, ser contornadas ou solucionadas. O número de desempregados, atualmente, já preocupa, e, certamente, irá aumentar ainda mais, chegando a niveis insustentáveis. A tendência, até 2017, é de que os valores salariais serão duramente atingidos, decaindo substancialmente. A inflação continuará subindo, ainda, por um longo tempo. As altas dos bens de consumo, das tarifas, dos combustíveis começam uma nova escalada. Os juros, por sua vez, continuarão em ascendência. Mas, o que mais surpreende é que todas essas calamidades atingem somente o setor privado, seus aposentados, as indústrias, o comércio, o setor de prestação de serviços e aí por diante. As cúpulas do setor público, alertadas com a devida antecedência do caos que se avisinhava, tratou de salvar a pele e autoaumentaram seus rendimentos, de maneira tal que, dificilmente, irá, sequer, notar o salve-se quem puder da grande maioria dos brasileiros. Respaldados pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo, as cúpulas do setor público irão dormir tranquilas, viajar, fazer turismo, em suma, irão divertir-se e muito. Na hora dos afogamentos elas terão o poder de caminhar sobre as águas. Uma economista do centro do país disse que alguns sinais de melhoramentos, aquí ou alí, não são luzes no fim do túnel, mas apenas algum vaga-lume perdido no meio dele. As esperânças sobre a reforma política, que seria o ponto de partida para a reorganização do país, naufragaram ainda na beira da praia. Sem uma reforma política consistente os brasileiros vão continuar chovendo no molhado. Somente com partidos consistentes, ideológicos e éticos, o Brasil recomeçará a caminhada rumo ao desenvolvimento. O Congresso Nacional e os seus pródigos parlamentares, hoje, nunca farão algo, nunca decidirão sobre qualquer norma que não os beneficie, nunca decidirão em favor da ética, da honestidade. Continuarão sendo a elite desacreditada, com um mínimo sequer de confiança do povo. O leitor de mais idade deve lembrar que muito se insistiu para que um grupo de sábios, e o Brasil os têm em profusão, elaborassem o anteprojeto da Constituição Nacional. Mas não houve concordância, pois os constituintes eram eles, e que tinham a necessária sabedoria para aquela tarefa. Deu no que deu. Um amontoado de cláusulas pétreas que beneficiam as cúpulas dos Poderes. Nada os atinge. Estão no ápice da pirâmide e a base que se dane. Com relação ao mau resultado alcançado na reforma política, já existem – novamente – sugestões para que um projeto de reforma fosse elaborado por autoridades que não fossem somente do Congresso. Sugestão sem qualquer chance. Isso quer dizer que o povo brasileiro continuará no mato sem cachorro. Brasilia continua sendo a Ilha da Fantasia. Viagens que beiram ao turismo, jantares de trabalho regados a bom vinho. Cuidado! Cúpulas trabalhando. Preocupação com presos na Venezuela. Nenhuma preocupação com a falta de presídios no país. Doze anos dizendo amém às prodigalidades do ex-presidente Lula, amém para para as bondades da presidente Dilma, somente poderia dar nissso. Acabou o dinheiro. Toda essa cumplicidade para não perder votos. O Congresso é, portanto, tão responsável quanto Lula, tão responsável quanto Dilma. Da mesma forma aqui no Estado. A cumplicidade da Assembléia com as loucuras do Governo Tarso e anteriores, tornaram esse poder tão responsável quanto o Executivo pela situação de insolvência do Estado. Wilmar Rodrigues de Almeida – advogado.