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O preço da Omissão – Wilmar Rodrigues de Almeida

O PREÇO DA OMISSÃO

Em tempos de dificuldades  como os que o país vive hoje, uma frase, sem autoria definida, volta, seguidamente,  à baila: “Enquanto uns choram, outros vendem lenços.”  As pessoas a encontram estampada e comentada  na imprensa em geral.  A lição que ela transmite é um incentivo às pessoas para que não fiquem somente chorando pelo leite derramado, mas que procurem reagir e, sem hesitar,  comecem  tudo de novo.  O  intrigante  conteúdo da frase quer provocar essa reação. Quer que a pessoa tire do insucesso  as lições de como não proceder, de como não mais incorrer nos percalços encontrados,  de como contorná-los. Enfim buscar um  recomeço com mais cuidado, com mais prudência  e com maior criatividade. As pessoas devem perder, quando muito, uns cinco minutos para  xingar  os causadores do seu insucesso, ou mesmo  para xingar a sí próprio, para lamentar-se.  O restante do tempo deve ser  aplicado na busca de novas soluções, pois elas sempre existem e podem, com algum  esforço, ser encontradas. A análise dessa nova situação vai mostrar que não foram somente os percalços externos, os arrochos causados pela imprudência governamental,  que prejudicaram os resultados  do seu empreendimento.  Vai mostrar,  surpreendentemente, que a pessoa também  contribuiu  para esses maus resultados.  Vai descobrir  que, com a sua omissão, contribuiu, e muito,   para  essa situação de desgoverno do país. Vai verificar que sua preocupação nunca foi  além do seu negócio, nunca foi  além dos cuidados com a sua família. Em quem a pessoa votou na eleição passada? Não se recorda.  Lembra que foi votar porque  era obrigada. Por graça ou por indiferença acabou votando nos cacarecos, acabou votando nos espertalhões, nos demagogos, nos corruptos.   Portanto,  essas  pessoas  também são  responsáveis   pela crise. É grande o número de pessoas que entende que a política é para os desocupados, para os que não têm o que fazer. Não entendem como as pessoas encontram tempo para participar, para influir, para criticar. Pois agora essas pessoas vão entender melhor que não foi somente a incompetência do governo que causou  a crise. Foi, também, a omissão das pessoas.  As lições que ficam para essas pessoas  que se omitiram, é a de que não somente o acompanhamento da política nacional  se faz  necessário, como também, o do Estado e o do seu  Município. Todos  se dizem  cidadãos, mas alguns  voltam-se apenas para o seu mundinho familiar,  profissional , para o seu mundinho social. Não são ainda cidadãos na acepção da palavra. Precisam acrescentar algumas virtudes mais.  Precisam  votar conscientemente e acompanhar as atividades dos seus representantes. Precisam  ter a percepção de  que a crise não surge de um momento para outro. A atual crise já vinha há muito tempo sinalizando amarelo e as pessoas é que não percebiam. Estavam preocupados apenas com seus interesses particulares.  Enquanto isso, enquanto essa desatenção dos cidadãos, os corruptos dilapidavam a Petrobrás. Enquanto isso maus servidores saqueavam  varios setores do  governo. Enquanto isso  o andar de cima  dos  Poderes se autoconcediam  os mais  incríveis  rendimentos, as mais incríveis mordomias, as mais exageradas aposentadorias. A omissão da maioria dos cidadãos criou essas oportunidades. As dificuldades  de hoje,  o custo   altíssimo  das tarifas, dos impostos, sem  um mínimo de contraprestação, tem um preço. O preço  da omissão  do cidadão  inconsciente. Wilmar Rodrigues de Almeida – advogado.