Rio Grande do Sul 247 – Sindicatos dos servidores e as associações dos militares em estado de alerta prometem uma assembleia unificada no próximo dia 18, que pode decidir por uma greve de duração indeterminada, contra o parcelamento de salários proposto pelo governo José Ivo Sartori (PMDB). Outras sinalizações, como uma reforma da previdência dos servidores e a venda de patrimônio público para fazer caixa, estão entre os motivos das manifestações que ocorrem no Rio Grande do Sul.
Várias cidades gaúchas pararam. A ausência da polícia nas ruas levou bancos e comércio a fechar as portas durante todo o dia, inclusive em Porto Alegre. Servidores fizeram manifestações de rua e atos políticos para denunciar e debater com a população os planos do governador.
De acordo com o dirigente executivo da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), Marcelo Carlini, a questão econômica e a prioridade nos pagamentos é uma escolha política. "O governador decidiu parcelar salários dos servidores em três vezes. Ora, toda a folha de salários do funcionalismo soma R$ 1,2 bilhão por mês. E só em isenções fiscais, ano passado, o estado perdeu R$ 15 bilhões", afirmou o sindicalista, que é educador da rede pública.
O líder sindical afirmou que os dias que se seguiram foram de medo na população, por conta da decisão anunciada de os policiais não trabalharem na segunda-feira seguinte, e de perplexidade geral. A mensagem que ficou no ar é a de que o estado está quebrado, na avaliação dele.
"Ausentando-se de cena, o governador deixou que os jornais e emissoras, com a RBS à frente, ficassem dias martelando a ideia de que é preciso privatizar para resolver o problema", disse Carlini.
O sindicalista reforçou que a tarefa dos movimentos sindical e sociais, agora, é se contrapor a essa ideia de ajuste. "A população ainda não comprou esse discurso. As mobilizações de ontem aconteceram no Estado inteiro. Mostraram que temos base social e que existe outra política possível", acrescentou.
O estado de coisas no Rio Grande exige também críticas à gestão passada, de Tarso Genro, na avaliação de Carlini. O dirigente da CUT-RS afirmou que, embora o ex-governador petista não tenha criado a política de isenções fiscais, que equivalem à metade do orçamento estadual, nada fez para mudá-la. Outro elemento da crise é a falta de renegociação da dívida com a União, tentada por Genro, mas nunca concluída.