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‘Janot é catedrático em vazar informações’

Sabatina do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no Senado, ficou tensa quando o senador Fernando Collor (PTB-AL) o acusou de vazar informações da operação Lava Jato; "Estamos aqui diante de um catedrático em vazar informações. Vazar informações que correm sob segredo de justiça e violar segredo de Justiça é crime previsto no código penal", disse Collor, que acusou Janot de contratar empresa sem licitação na PGR e de advogar para empresa, mesmo sendo procurador; Janot negou ter vazado informações e disse que "Pau que dá em Chico, dá em Francisco"

 

26 de Agosto de 2015 às 15:26

Brasília 247 – O senador Fernando Collor (PTB-AL) acusou nesta quarta-feira, 26, o procurador-geral de Justiça, Rodrigo Janot, durante sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, de ser um "catedrático em vazar informações".

"Estamos aqui diante de um catedrático em vazar informações. Vazar informações que correm sob segredo de justiça e violar segredo de Justiça é crime previsto no código penal", disse Collor, que foi denunciado pela PGR na semana passada, sob suspeita de se beneficiar do esquema de corrupção na Petrobras.

Collor acusou Janot de, mesmo sendo procurador, ter advogado para a empresa Orteng em um processo contra empresa com capital estatal. Questionou a contratação pela PGR, sem licitação, de uma empresa de comunicação por cerca de R$ 940 mil em três contratos. Acusou-o de nomear para secretário de comunicação da PGR um ex-diretor dessa empresa e de nomear uma chefe de cerimonial sem ensino superior.

Rodrigo Janot negou que seja um “vazador” de informações sigilosas sobre apuração de esquema de corrupção em estatais e rebateu críticas sobre “espetacularização” da investigação. "Pau que dá em Chico, dá em Francisco", acrescentou Janot durante sabatina na CCJ para analisar sua indicação à recondução no cargo pela presidente Dilma Rousseff. 

Collor mostrou aos colegas senadores diversas irregularidades cometidas pelo procurador, a exemplo de advogar contra a Petrobras, mesmo sendo integrante do MPF, além da celebração de contratos milionários sem licitação, nomeação de servidores forma irregular, e divulgação, para a imprensa, do conteúdo de delações premiadas.
 
Durante a sabatina, o senador também se reportou à empresa ‘Oficina da Palavra’ – que presta serviço para a PGR -, afirmando que a mesma foi contratada por Janot de forma irregular, com dispensa de licitação. O senador mostrou, ainda, que um sócio da empresa foi nomeado por Janot para um cargo de confiança na Procuradoria. Ao longo dos últimos meses, reforçou Collor, os contratos sem licitação ultrapassaram os R$ 940 mil.

Após solicitar documentos ao MPF, Collor mostrou também que o procurador autorizou o aluguel de um luxuoso imóvel no Lago Sul, em Brasília, e, meses após os pagamentos com recursos do erário, o local nunca foi utilizado. No primeiro momento, Rodrigo Janot chegou a dizer que não houve prejuízo. Contudo, na sequência, Collor mostrou os documentos do MPF que apontam os gastos do órgão com reformas e outros serviços. O aluguel é de R$ 67 mil mensais. 

Outro ponto destacado por Collor diz respeito à nomeação do sócio da empresa Oficina da Palavra, Raul Pilates Rodrigues, para um cargo de confiança no gabinete do procurador. Raul foi responsável pela primeira campanha de Janot ao cargo de procurador-geral. Mais uma vez, Janot tentou negar irregularidades. Porém, um documento contendo a razão social da empresa, segundo Collor, comprova que Raul Pilates ainda é sócio.

Ainda na sabatina, o senador criticou a “parceria entre o procurador e os grandes meios de comunicação”, reportando-se mais uma vez à divulgação de conteúdo de delações premiadas. Collor também leu o despacho do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que aponta que os vazamentos das informações são de responsabilidade do MPF. 

Ainda na sabatina, Collor apontou uma ligação entre Janot e uma série de relações criminosas, inclusive, com a suspeita de acobertar o próprio irmão, Rogério Janot Monteiro de Barros, procurado pela Interpol por crimes contra a ordem financeira na Bélgica.

Caçado internacionalmente como responsável por falsificação de escrituras, fraude e infração à legislação tributária, o irmão de Rodrigo Janot nunca foi preso, apesar de as autoridades brasileiras, inclusive do MPF, terem o endereço e conhecimento de onde ele residia. Collor apontou que o procurado pela Interpol. 

Dados da Interpol apontam que o irmão do procurador-geral sonegou dos cofres públicos da Bélgica cerca de 140 milhões de francos belgas em impostos não recolhidos. Rogério Janot Monteiro fugiu da Bélgica em 1995. Contra ele, constava a Ordem de Captura, conhecida na Interpol como “Difusão Vermelha”, requerida pela Juíza de Instrução Calewaert de Bruxelas com pedido de extradição ao Brasil, caso ele fosse encontrado.

Por fim, apresentou documento de servidores do MPF que externa a preocupação da classe com a recorrência dos vazamentos das informações relativas a depoimentos de investigados.