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Sem acordo climático, “estamos no limite do suicídio”, diz papa

Papa Francisco disse, durante seu retorno ao Vaticano após uma viagem à Africa, que a conferência do clima em Paris é provavelmente a última chance de a humanidade impedir um desastre ambiental global; segundo ele, o mundo está "no limite do suicídio"; "A cada ano os problemas ficam piores. Estamos no limite. Se eu puder usar uma palavra forte, eu diria que nós estamos no limite do suicídio", afirmou

30 de Novembro de 2015 às 19:18

 

Reuters – A conferência do clima em Paris é muito provavelmente a última chance de a humanidade impedir um desastre ambiental global, disse o papa Francisco nesta segunda-feira, alertando que o mundo está "no limite do suicídio".

O papa, que escreveu um importante documento sobre o meio ambiente em junho, fez o comentário numa entrevista à imprensa de uma hora a bordo do avião que o levava de volta para Roma depois de uma viagem de seis dias à África.

As conversas livres se tornaram uma marca do seu papado e umas das poucas vezes em que ele responde diretamente a perguntas de jornalistas.

O papa Francisco, que visitou Quênia, Uganda e República Centro-Africana, também afirmou que o continente era "um mártir da exploração" pelos países ricos que cobiçam os seus recursos naturais e tentam impor valores ocidentais, em vez de se concentrar no desenvolvimento.

O papa foi perguntado se a conferência do clima da Organização das Nações Unidas em Paris marcaria uma virada na luta contra o aquecimento global.

"Eu não tenho certeza, mas eu posso dizer para você que é agora ou nunca", declarou ele. "A cada ano os problemas ficam piores. Estamos no limite. Se eu puder usar uma palavra forte, eu diria que nós estamos no limite do suicídio."

Ele falou dos glaciares em recuo na Groenlândia e de países baixos sob riscos por causa do aumento do nível do mar. "Eu tenho certeza que (os delegados em Paris) têm boa vontade para fazer algo. Eu espero que isso ocorra, e eu estou rezando para isso", disse ele.

Líderes mundiais lançaram uma tentativa ambiciosa nesta segunda-feira para conter o aumento da temperatura da Terra, com os Estados Unidos e a China – os principais emissores de carbono do planeta – pedindo que a conferência do clima em Paris marque uma virada decisiva na luta contra o aquecimento global.

A última parada do papa na África foi na República Centro-Africana, um dos países mais pobres do continente.

Ele fez uma visita não programada ao único hospital pediátrico do país, onde médicos lhe disseram que eles não têm oxigênio e que a maioria das crianças lá estavam destinadas a morrer de desnutrição ou malária. O papa entregou remédios doados por um hospital de Roma.

"África é uma vítima", disse ele. "África foi sempre explorada por outras potências. Há alguns países que querem somente os grandes recursos da África."

"Mas eles não pensam em desenvolver os países, em criar empregos. África é mártir, um mártir da exploração da história", afirmou ele.

O papa evitou uma pergunta sobre a proibição pela Igreja do uso de preservativos para conter a Aids, dizendo que se reduzia a conversar sobre preservativos enquanto países da África estavam atolados em pobreza, injustiça social, guerra e tráfico humano.

O papa confirmou que no ano que vem ele planeja visitar o México e que esperava ser possível visitar a Armênia. "Mas eu estou velho, e essas viagens são pesadas", declarou.