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Cientistas políticos entram na campanha contra golpe

Em nota, ‘ABCP (Associação Brasileira de Ciência Política) expressa preocupação e perplexidade com a aceitação do pedido de impeachment do mandato de Dilma Rousseff’; :"Acuado por gravíssimas denúncias de corrupção e ocultação de recursos no exterior, o deputado Eduardo Cunha utilizou-se do instrumento, talvez o mais importante na defesa da ordem democrática, como arma na tentativa de resguardar seus interesses privado"

4 de Dezembro de 2015 às 06:02

Por Miguel do Rosário, do Cafezinho

Se este impeachment acontecer, os golpistas que assumirem o poder vão ter de usar muita bomba, muito cassetete.

Setores crescentes da sociedade não aceitarão facilmente um golpe paraguaio.

O impeachment pode ter apoio dos retardados on line, mas os cientistas políticos, em sua esmagadora maioria, são contra.

Na época de Collor, havia consenso contra o presidente.

Hoje não.

Há uma preocupação genuína em se preservar a democracia, contra aventuras políticas e rupturas traumáticas.

O respeito ao resultado das urnas é condição essencial para termos uma democracia consolidada.

***

No site da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP).

Nota: ABCP expressa preocupação e perplexidade com a aceitação do pedido de impeachment do mandato de Dilma Rousseff

A Associação Brasileira de Ciência Política vem a público expressar sua preocupação com o pedido de impeachment do mandato exercido pela presidente Dilma Rousseff, aceito ontem pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. A ABCP conclama os atores políticos do país a agirem com responsabilidade na defesa da estabilidade das instituições democráticas.

Embora o instrumento jurídico-político do impeachment faça parte da institucionalidade democrática existente no Brasil, causa perplexidade e preocupação a forma como ele foi aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados. Acuado por gravíssimas denúncias de corrupção e ocultação de recursos no exterior, o deputado Cunha utilizou-se do instrumento, talvez o mais importante na defesa da ordem democrática, como arma na tentativa de resguardar seus interesses privados. Por conta disso, a ABCP expressa a sua perplexidade diante da utilização ilegítima e sem fundamentação jurídica do instrumento do impeachment por uma das mais altas autoridades da república.

Independentemente das opiniões favoráveis ou contrárias ao governo de Dilma Rousseff, a ABCP chama a atenção da população brasileira para os riscos iminentes diante das grandes conquistas da nossa democracia desde 1988. Temos no Brasil instituições republicanas fortes, um judiciário independente e uma cidadania ativa. Acreditamos que o grave momento por que passa a democracia no país tem de ser resolvido no sentido do reforço da legalidade, da impessoalidade, do interesse público e do equilíbrio entre os poderes que têm inspirado nossa construção democrática desde 1988.