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Cunha é a pedra que Aécio pôs no seu próprio caminho

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) recorreu ao poeta Carlos Drummond de Andrade para atribuir o fracasso do impeachment, sua obsessão há mais de um ano, ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), investigado por corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e venda de medidas provisórias; "No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho. Tem o Eduardo Cunha no meio do caminho e essa questão terá que ser resolvida”, afirmou, em entrevista publicada nesta segunda-feira; no entanto, foi a afobação de Aécio que construiu uma aliança espúria entre o PSDB e Cunha, da qual os tucanos dificilmente conseguirão se desvencilhar tão cedo

21 de Dezembro de 2015 às 07:41

 

Minas 247 – Depois de ajudar a eleger Eduardo Cunha (PMDB-RJ) presidente da Câmara dos Deputados e selar com ele uma aliança espúria, que tinha como objetivo um golpe contra a democracia brasileira por meio de um artificial processo de impeachment, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem hoje um mico nas mãos. Trata-se do próprio Eduardo Cunha.

Para explicar a situação em que se encontra, em entrevista publicada nesta segunda-feira (leia aqui), Aécio recorreu aos versos de Carlos Drummond de Andrade, no poema "No meio do caminho".

"Acho que a situação dele chegou a um ponto insustentável. As denúncias se avolumam, as respostas são muito pouco consistentes e o processo do Eduardo Cunha, de alguma forma, se coloca como diria o poeta da minha terra: ‘No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho’. Tem o Eduardo Cunha no meio do caminho e essa questão terá que ser resolvida", disse o senador Aécio, em sua entrevista.

A questão é que essa pedra foi colocada pelo próprio senador, que não se deu conta de uma imensa contradição – mesmo com boa parte da mídia conservadora a favor, seria impossível levar adiante uma cruzada moralista, que tivesse como objetivo impedir uma presidente reconhecidamente honesta, tendo como cavaleiro principal Eduardo Cunha.

A entrevista do senador é praticamente uma admissão de que o impeachment Cunha-Aécio ruiu e que, agora, a aposta dos tucanos, que não desistiram de golpear a democracia, será cassar tanto a presidente Dilma como o vice Michel Temer por meio de uma ação no Tribunal Superior Eleitoral.

Leia, abaixo, o poema de Drummond: 

No Meio do Caminho
Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.