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11 de Março – A grande vitória dos Missioneiros

 

"Hoje, 11 de março de 2016, há 375 anos, as forças Bandeirantes foram aniquiladas pelos jesuítas e os Guarani no rio Uruguai, abaixo do atual Porto Mauá e Porto Xavier, especialmente no local chamado Penhasco M’Bororé que está em frente a Porto Vera Cruz – município de Panambi, Província de Missiones – Argentina", recorda José Roberto de Oliveira, pesquisador da história missioneira, autor do livro "Pedido de perdão ao grande triunfo da humanidade" (Porto Alegre: Martins Livreiro, 2009).

Eis o artigo.

Neste dia 11 de março de 2016 os missioneiros do Brasil, Argentina e Paraguai estarão comemorando sua maior vitória de todos os tempos – contra os Bandeirantes Paulistas – a Batalha de M’Bororé. As Festividades dos 375 anos da data ocorrerão na fronteira do Brasil com a Argentina, no rio Uruguai, mais especificamente no município de Panambi-Argentina, do outro lado do município de Porto Vera Cruz, que se chega a partir do município de Santo Cristo – RS. Para compreender a Batalha de M’Bororé é preciso entender o contexto da formação do projeto Jesuítico-Guarani nas áreas fronteiriças do MERCOSUL. A partir de 1609, com a fundação da primeira redução, San Ignácio Guazú, localizada atualmente no Paraguai se inicia um processo de reunir guaranis para cristianização.

Nesta primeira fase foram 13 Reduções no atual estado do Paraná, 6 no Mato Grosso, 6 nas áreas entre os rios Paraná e Uruguai e finalmente 18 reduções no atual Rio Grande do Sul. Atacadas pelos Bandeirantes em busca de escravos para serem vendidos em São Paulo e Rio de Janeiro, estas reduções se deslocaram para a área entre o rio Uruguai e Paraná, onde hoje é a Argentina nas Províncias de Missiones e Corrientes. Foram grandes êxodos ocorridos a partir do ataque dos bandeirantes. Com a falta de estrutura de combate das reduções jesuíticas há muito tempo os chefes guaranis vinham repetindo aos padres que gostariam de combater com armas iguais às dos oponentes. Disso, os padres estavam mais convencidos do que os guaranis, pois tinham tentado numerosas vezes levar o governador a compreender o serviço que as reduções teriam podido prestar à Espanha, constituindo uma sólida barreira para proteger as províncias do Paraguai e do Rio da Prata contra os portugueses e os índios das fronteiras do Brasil, sempre em vão. O Padre Montoya foi a Madri em 1639. Obteve, saltando por cima das autoridades coloniais e para estupefação geral, autorização para armar um contingente guarani.

O Rei fora tranquilizado pela promessa de que as armas não estariam, regra geral, nas mãos dos índios, mas em arsenais. O Padre Montoya comprometeu-se a não solicitar subsídio algum para a compra de armas. Em 1640, a autorização de utilizar armas de fogo foi estendida a todos os índios das reduções. Já no ano seguinte, com início em 11 de março, quando não foi ainda possível obter fuzis senão para 300 guaranis, que só possuíam um único canhão, o exército das reduções teve de enfrentar os mamelucos na Batalha de M’Bororé, nas margens do rio Uruguai. Conforme Lugon, a partir dos relatos do Padre Romero, na página 61 sabe-se que “Oitocentos mamelucos, armados de fuzis, tinham vindo em novecentas canoas, com seus aliados, os tupis, estes em número de seis mil, mas armados apenas de flechas, lanças e fundas. Dentre essas canoas, trezentas eram grandes, sólidas e bem armadas”. A grande vitória dos Missioneiros 375 anos da Batalha de M’Bororé O exército guarani era chefiado pelo cacique Abiaru. Contava com quatro mil homens que, à parte dos trezentos fuzis, apenas estavam armados de flechas, lanças, fundas e macanas. Abiaru dispusera uma parte de suas tropas na floresta, à beira do rio Uruguai. As restantes, mais fortes em coragem e confiança em Deus que em navios, diz o Padre Diaz Tano, subiam o Uruguai em duzentas canoas e batéis. O Padre Romero narra em suas Memórias oficiais que os guaranis tinham erguido em seus barcos “torretas de madeira com ameiras e seteiras, para colocarem seus fuzis e atirarem sem serem percebidos”. Avançando pelo rio Acaraguá com cinco ou seis pirongas, Abiaru interpelou a distância os chefes paulistas e censurou-os por todas as suas crueldades passadas, proclamando que era uma grande vergonha para gentes que se diziam cristãs querer roubar a liberdade aos que professavam a mesma religião. O comandante paulista não respondeu, e sua frota continuou avançando, até que descobriu subitamente, na confluência do rio Uruguai, a frota dos guaranis. O combate foi desencadeado por um tiro de canhão que meteu a pique três pirongas dos mamelucos.

A luta neste dia durou até o cair da noite, com pesadas baixas para os tupis. Batidos na água e perseguidos, os mamelucos refugiaram-se em terra, onde a noite pôs termo a batalha. Reiniciadas na manhã seguinte, com muito ardor de ambas as partes, terminaram com a derrota e fuga dos paulistas, que não tiveram mesmo a coragem de bater-se até o ultimo tupi. Garantiu-se que os guaranis tinham contado apenas seis mortos e quarenta feridos. Os agressores tinham perdido muitos brancos, dois mil tupis, noventa canoas e batéis. O Padre Romero afirma que as forças paulistas, se bem que muito superiores, tinham sofrido em M’Bororé uma derrota tão completa que só escaparam uns trezentos. Dois mil cativos puderam ser libertados pelos guaranis no decurso das operações. Os pagãos que se encontravam entre esses cativos entregaram-se aos libertadores, tornando-se cristãos e cidadãos das reduções. Conforme Lugon: “Desde 1618, os mamelucos tinham aniquilado, no mí- nimo trinta reduções”. Quanto ao total de perdas de índios nesse período, cita Pastels, no seu livro de 1654: “o total de perdas excedia mesmo à cifra de trezentos mil”.

Depois de M’Bororé, nunca mais os missioneiros foram superados pelos bandeirantes. Outras bandeiras que tentaram atacar as reduções nas décadas seguintes tiveram a mesma sorte da de 1641. Com a estabilização das relações entre Portugal e Espanha e com a importação de escravos negros que compravam dos xeiques árabes, as bandeiras se dirigiram ao interior do território brasileiro em busca de ouro. (José Roberto de Oliveira – Pesquisador sobre a história missioneira, Engenheiro, Especialista em Administração e Mestre em Desenvolvimento)