Churrasco, bom chimarrão (…) é disso que o velho gosta, é isso que o velho quer… ♫
A música exalta as preferências do gaúcho e hoje é dia de exaltá-las: o dia 24 de abril é o Dia do Churrasco e do Chimarrão. Instituído pela lei 11.929, de 20 de junho de 2003, de autoria do líder da bancada do PDT na Assembleia Legislativa, Giovani Cherini, o dia 24 de abril, em homenagem a fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas do Rio Grande do Sul, o CTG 35, de Porto Alegre, que completa 65 anos. A data de 24 de abril foi escolhida por sugestão do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).
“Entende-se por churrasco à gaúcha a carne temperada com sal grosso, levada a assar ao calor produzido por brasas de madeira carbonizada ou in natura, em espetos ou disposta em grelha, e sob controle manual”, diz o parágrafo único do artigo 1º da lei estadual. Claro, a regra nada mais é do que uma mera formalidade. E uma forma de lembrar, anualmente, dois símbolos do estado, cantados em prosa e verso por artistas e poetas do nosso pago.
O chimarrão também é conhecido por mate amargo e na cultura é o símbolo da hospitalidade e da amizade do gaúcho. É a bebida proveniente da infusão da erva-mate. De acordo com o MTG, o chimarrão é a inspiração do aconchego, é o espírito democrático, é o costume que, de mão em mão, mantém acesa a chama da tradição. O costume foi herdado dos índios guaranis.
Chimarrão
Autoria: Glaucus Saraiva
"Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.
Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.
Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim".