Reitor da UFFS se mostra preocupado com propostas de Temer que podem tirar recursos da educação
Jaime Giolo participou na terça-feira de Ciclo de Debates em Três Passos, promovido pelo Movimento Pró UFFS na Região Celeiro
Com a participação de professores e estudantes das três redes de ensino, além de lideranças políticas dos 21 municípios da região, aconteceu na terça-feira (03), em Três Passos, o terceiro ciclo de debates promovido pelo Movimento Pró Universidade Federal Fronteira Sul na Região Celeiro. O tema central que norteou os debates foi a formação superior como instrumento para o desenvolvimento regional sustentável.
Pela manhã, o diretor do campus da UFFS de Cerro Largo, Ivan Laggo, palestrou aos participantes sobre as bases que fundamentam o pensamento moderno e a importância da configuração da sociedade contemporânea, a partir da noção de indivíduo, de coletividade e de cidadania, citando o conceito de sociedade líquida apresentado pelo escritor, pensador e sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, bastante pesquisado e aclamado em todo o mundo atualmente.
O reitor da UFFS, professor Jaime Giolo, também palestrou para o público do ciclo, apresentando a estrutura e o foco da universidade para o desenvolvimento regional, além de destacar o nível de qualidade e excelência que a UFFS vem conquistando, apesar de ter apenas seis anos de atividades.
Em conversa com a nossa reportagem, Jaimo Giolo analisou a mobilização que a região Celeiro faz nos últimos três anos, na luta pela conquista de um câmpus da UFFS. “Estou impressionado positivamente pela qualidade do movimento da região Celeiro. Um movimento tranqüilo, sereno, objetivo e firme para conquistar um campus”, disse.
Ele confirmou que o plano de expansão que a UFFS apresentará ao governo federal estará contemplando a região, porém, disse que não pode dar garantias de como e quando a expansão se dará de fato. “Nós vamos fazer o nosso plano de expansão, incluindo o projeto da região Celeiro. Em relação a este ciclo de expansão, não depende da universidade federal. Nós faremos a nossa parte, entregando o plano ao governo federal ainda em 2016 e continuaremos mobilizados”.
Giolo também destacou a preocupação quanto ao futuro do país, principalmente quanto ao plano de ação que o vice-presidente Michel Temer pode colocar em prática, caso assuma o governo federal, a partir do documento denominado Ponte para o Futuro, apresentado pelo PMDB, onde a desvinculação de receitas da União poderá trazer uma redução de investimentos em áreas estratégicas para o país, como a educação e a saúde.
“A maior preocupação que nós temos hoje é em relação a uma proposta apresentada, de mexer nas vinculações constitucionais. Aquilo que a constituição estabelece como o mínimo para a união investir em educação (18% de seus impostos), estados e municípios outros 25% cada. Se mexerem nestas vinculações é evidente que não é para aumentar os investimentos e, sim, para diminuir”.
Para o reitor da UFFS, isso configuraria um grave problema estrutural, não apenas conjuntural, como se trata de cortes de orçamento. “Se isso for confirmado, trata-se de uma política de desinvestimento da educação”. O reitor, inclusive, conclama a sociedade para que esteja atenta a isso e que forme uma frente de luta para impedir que se mexa nas vinculações constitucionais. “Não é possível se mexer nisso, pois senão a conversa de priorizar a educação se torna um discurso vazio”.
Durante a tarde o evento foi mediado pelo professor Mastrângelo Lanzanova, diretor regional da UERGS, da unidade de Três Passos.
O objetivo central do 3º Ciclo de Debates foi construir uma proposta conjunta entre as redes de ensino da região, visando ampliar o ingresso de jovens no ensino superior público.
Durante o evento, o reitor Jaime Giolo entregou de forma simbólica para José Carlos Borscheid, coordenador do movimento regional, e Susan Egevarth, secretária executiva da Amuceleiro e integrante do grupo técnico do movimento.