9 de junho de 2016 16:00
O presidente interino, Michel Temer (PMDB), negou na manhã desta quinta-feira (9) a deputados que seu governo esteja trabalhando para livrar da cassação o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
“Meu governo não é ação entre amigos”, disse Temer segundo o líder da bancada do DEM, Pauderney Avelino (AM), um dos que participou do encontro com o presidente interino. “O presidente afirmou que não há qualquer interferência do governo no caso do deputado Eduardo Cunha.”
Líderes das bancadas de partidos que faziam oposição a Dilma Rousseff – DEM, PSDB, PPS e PSB – procuraram Temer nesta quinta para pedir que o governo não interfira no processo.
Os ministros Geddel Vieira Lima (Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil) tiveram encontros nos últimos dias com a cúpula do PRB, entre eles o presidente licenciado e também ministro Marcos Pereira (Desenvolvimento).
O PRB é o fiel da balança no Conselho de Ética na definição sobre se o colegiado vai aprovar a cassação ou apenas uma punição branda a Cunha. Nos últimos dias, a representante do partido no Conselho, Tia Eron (BA), deu indicação de que votará para salvar o peemedebista.
“Eu acreditei nas palavras do presidente. Tenho certeza de que não há interferência e de que vamos trabalhar no sentido de cumprir o nosso dever”, afirmou Pauderney. Ele disse ter recebido a mesma negativa de interferência de Geddel e Padilha. Segundo o deputado do DEM, Geddel afirmou que discutiu com a cúpula do PRB questões do Estado de São Paulo.
Apesar de afastado, Cunha exerce influência na Câmara e no governo Temer, tendo aliados em postos de relevância na administração do correligionário.
O presidente afastado da Câmara também nega que tenha discutido questões relativas ao seu processo com o governo. Na manhã desta quinta, ele afirmou no Twitter que desmente “com veemência” informação de que alguém do governo o tenha procurado para “tratar de qualquer coisa, ainda mais sobre renúncia”.
TROCA
Pauderney também anunciou nesta quinta que irá indicar o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) para a vaga de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) no Conselho de Ética da Câmara.
Voto contrário a Cunha, Lorenzoni irá se ausentar do país na semana que vem, data em que o Conselho pode votar o relatório que pede a cassação de Cunha. Mandetta tem a mesma opinião do colega, pela cassação.
Apesar de Onyx ser suplente no conselho e só votar no caso de ausência de algum titular, ele tem disputado com o deputado “cunhista” Carlos Marun (PMDB-MS) a chance de ser o primeiro suplente a votar (isso é definido pela ordem de chegada às sessões), já que há a possibilidade de Tia Eron faltar no dia da votação. (Ranier Bragon e Gustavo uribe/Folhapress)