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As explosões nervosas do presidente afastado da Câmara

Jornal GGN – O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) perdeu o controle. De seus correlegionários, do maior bloco parlamentar informal – o Centrão, além de antigos aliados e do próprio governo Temer, que o veem como ameaça. Após o seu papel no impeachment da presidente Dilma Rousseff, a grande imprensa, em outra frente, abandona de vez qualquer possibilidade de apoio a Cunha. Nos últimos remates para se blindar, o peemedebista teria avançado no jogo de chantagens: se não fosse salvo, levaria com ele 150 deputados federais, um senador e um ministro do interino.
 
De dentro do PMDB, o movimento é para que o presidente afastado da Câmara dos Deputados renuncie ao mandato. A influência parte de articuladores do governo Temer, preocupados com as ações do peemedebista respingarem, ainda mais, na imagem do interino, até em gestos de vingança contra Michel Temer e o PMDB.
 
De acordo com reportagem desta segunda (13), do Estado de S. Paulo, a avaliação do Planalto é de que Cunha se tornou um fator que só atrapalha o governo. 
 
Mas o tempo a ser suportado por outros parlamentares, na mira de ameaças diretas e indiretas de Eduardo Cunha, por meio inclusive de seus aliados, parece estar com dias contados. Na semana passada, deputados do Centrão, por exemplo, grupo que o peemedebista ajudou a criar, o aconselharam a renúncia "pelo bem do governo do presidente". 
 
A resposta recebida pelos parlamentares foi um descontrole de Eduardo Cunha. Aos gritos, disse que "jamais tomará essa atitude". O desespero manifestado pelo deputado foi visto por seus antigos aliados como sinal de enfraquecimento, colocando em risco o apoio em seu processo de cassação em Plenário.
 
Não foi a única reação agressiva de Cunha.
 
 
Segundo coluna publicada no Estado de S. Paulo, neste domingo (12), o presidente afastado da Câmara deixou seu recado. "Mandou avisar a Michel Temer que, se não for salvo, leva com ele para o fundo do poço 150 deputados federais, um senador e um ministro próximo ao interino". A publicação também havia adiantado a reação raivosa de Eduardo Cunha aos membros da Câmara e a quem recomenda a ele a renúncia como saída: "ouve um palavrão e a explicação de que, se o fizer, será preso".
 
A sustentação de Eduardo Cunha no processo de cassação que tramita no Conselho de Ética é, hoje, garantida por essa rede construída sob intimidações.
 
O hoje presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), que politicamente se construía contra posicionamentos de Cunha – a exemplo do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em que votou pela sua permanência -, tornou-se fiel escudeiro de Cunha. Mesmo sem divulgações de que Cunha teria praticado ameaças ao parlamentar, Maranhão enfrenta hoje processos de investigação na Lava Jato e poderia receber, facilmente, um processo de cassação como moeda de troca.
 
A visão, agora, dessa mesma base de apoio é que a "criatura se tornou maior que o criador", teria afirmado um líder do Centrão. Para tirar de cena o risco que Eduardo Cunha traz a grande parte dos parlamentares da Câmara – e que agora reproduziu em palavras diretas à Michel Temer -, os deputados vêm agindo na chamada "operação mão do gato", em referência ao gesto do animal de bater e retirar a pata imediatamente, e às caladas.
 
Depois que o bloco de nanicos se viu consolidado na Câmara, os deputados querem agora manter o poder sobre as pautas da Casa e, ao mesmo tempo, afastar os riscos e ameaças de Cunha, com a sua cassação.
 
Mas, em opções que também não desagradem o parlamentar. Tentariam aprovar a pena mais branda ao peemedebista, na opção ofertada pelo aliado João Carlos Bacelar (PR-BA), em proposta no Conselho, e por Arthur Lira (PP-AL), em outra frente na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJ), substituindo a cassação definitiva por uma suspensão de três meses.