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Chico César canta ‘Os Reis do Agronegócio’

"Os Reis do Agronegócio"

Ó donos do agrobiz, ó reis do agronegócio

Ó produtores de alimento com veneno

Vocês que aumentam todo ano sua posse

E que poluem cada palmo de terreno

E que possuem cada qual um latifúndio

E que destratam e destroem o ambiente

De cada mente de vocês olhei no fundo

E vi o quanto cada um, no fundo, mente



Vocês desterram povaréus ao léu que erram

E não empregam tanta gente como pregam

Vocês não matam nem a fome que há na terra

Nem alimentam tanto a gente como alegam

É o pequeno produtor que nos provê e os

Seus deputados não protegem, como dizem

Outra mentira de vocês, pinóquios véios

Vocês já viram como tá o seu nariz, hem?



Vocês me dizem que o brasil não desenvolve

Sem o agrebiz feroz, desenvolvimentista

Mas até hoje na verdade nunca houve

Um desenvolvimento tão destrutivista

É o que diz aquele que vocês não ouvem

O cientista, essa voz, a da ciência

Tampouco a voz da consciência os comove

Vocês só ouvem algo por conveniência





Para vocês, que emitem montes de dióxido

Para vocês, que têm um gênio neurastênico

Pobre tem mais é que comer com agrotóxico

Povo tem mais é que comer se tem transgênico

É o que acha, é o que disse um certo dia

Miss motosserrainha do desmatamento

Já o que acho é que vocês é que deviam

Diariamente só comer seu "alimento"



Vocês se elegem e legislam, feito cínicos

Em causa própria ou de empresa coligada

O frigo, a múlti de transgene e agentes químicos

Que bancam cada deputado da bancada

Té comunista cai no lobby antiecológico

Do ruralista cujo clã é um grande clube

Inclui até quem é racista e homofóbico

Vocês abafam, mas tá tudo no youtube



Vocês que enxotam o que luta por justiça

Vocês que oprimem quem produz e que preserva

Vocês que pilham, assediam e cobiçam

A terra indígena, o quilombo e a reserva

Vocês que podam e que fodem e que ferram

Quem represente pela frente uma barreira

Seja o posseiro, o seringueiro ou o sem-terra

O extrativista, o ambientalista ou a freira



Vocês que criam, matam cruelmente bois

Cujas carcaças formam um enorme lixo

Vocês que exterminam peixes, caracóis

Sapos e pássaros e abelhas do seu nicho

E que rebaixam planta, bicho e outros entes

E acham pobre, preto e índio "tudo" chucro

Por que dispensam tal desprezo a um vivente?

Por que só prezam e só pensam no seu lucro?



Eu vejo a liberdade dada aos que se põem

Além da lei, na lista do trabalho escravo

E a anistia concedida aos que destroem

O verde, a vida, sem morrer com um centavo

Com dor eu vejo cenas de horror tão fortes

Tal como eu vejo com amor a fonte linda

E além do monte o pôr-do-sol porque por sorte

Vocês não destruíram o horizonte… Ainda



Seu avião derrama a chuva de veneno

Na plantação e causa a náusea violenta

E a intoxicação "né" adultos e pequenos

Na mãe que contamina o filho que amamenta

Provoca aborto e suicídio o inseticida

Mas na mansão o fato não sensibiliza

Vocês já não tão nem aí co’aquelas vidas

Vejam como é que o ogrobiz desumaniza



Desmata minas, a amazônia, mato grosso

Infecta solo, rio, ar, lençol freático

Consome, mais do que qualquer outro negócio

Um quatrilhão de litros d’água, o que é dramático

Por tanto mal, do qual vocês não se redimem

Por tal excesso que só leva à escassez

Por essa seca, essa crise, esse crime

Não há maiores responsáveis que vocês



Eu vejo o campo de vocês ficar infértil

Num tempo um tanto longe ainda, mas não muito

E eu vejo a terra de vocês restar estéril

Num tempo cada vez mais perto, e lhes pergunto

O que será que os seus filhos acharão de

Vocês diante de um legado tão nefasto

Vocês que fazem das fazendas hoje um grande

Deserto verde só de soja, cana ou pasto?



Pelos milhares que ontem foram e amanhã serão

Mortos pelo grão-negócio de vocês

Pelos milhares dessas vítimas de câncer

De fome e sede, e fogo e bala, e de avcs

Saibam vocês, que ganham "cum" negócio desse

Muitos milhões, enquanto perdem sua alma

Que a mim não faria falta se vocês morressem

Saibam que não me causaria nenhum trauma



Que a mim não faria falta se vocês morressem

Talvez enfim a terra assim encontrasse calma



Que a mim não faria falta se vocês morressem

Saibam vocês que não me causaria nenhum trauma



Que a mim não faria falta se vocês morressem

Talvez assim a terra enfim encontrasse calma



Ó donos do agrobiz, ó reis do agronegócio

Ó produtores de alimento com veneno.