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Eram separatistas os farroupilhas?

Eram separatistas os farroupilhas?A corrente separatista era minoritária, mas teve influência em momentos decisivos

Carga Farrapa, de Guido Mondin

Essa pergunta está sempre presente quando se fala da Revolução e já rendeu muita polêmica através dos tempos. Mas nem mesmo um inimigo declarado dos farrapos, como Tristão de Alencar Araripe, ousou afirmar categoricamente que eles pretenderam em algum momento a separação definitiva da comunidade brasileira.

Diz ele: “Os rio-grandenses, parece, não terem tido jamais o pensamento definitivamente assentado de separação da nossa nacionalidade, salva a pequena fração dos agitadores idealistas”.

E mais adiante: “Se, por ventura, os rebeldes tivessem em mente a ideia de separação sem regresso, um de – seus primeiros passos teria sido o de confraternização formal e expressa – com as repúblicas vizinhas. Isso, porém, nunca fizeram: “apenas convenções secretas pactuavam e furtivo auxílio recebiam de chefes de bandos sublevados nessas repúblicas e isso a troco da prestação de gente, pólvora ou cavalhada para seus repentinos acometimentos em dias oportunos”.

A conservação das leis imperiais e esse retraimento que não deixava fazer causa comum com os vizinhos do Uruguai e da Argentina indicam que, no ânimo dos rebeldes, nunca desaparece a ideia de regresso à união brasileira.

“Diz uma testemunha, que assistiu à proclamação e escreveu umas memórias narrando os detalhes mais íntimos dos acontecimentos, que Neto foi colhido de surpresa pela decisão da oficialidade”, escreve Dante de Laytano.

Manoel Lucas de Oliveira

Manuel Lucas de Oliveira

Manuel Lucas de Oliveira, que seria Ministro da Guerra na nova República Rio-grandense, e Joaquim Pedro Soares foram à barraca de Neto no acampamento do Seival onde estavam os farroupilhas.

Argumentaram: era preciso uma bandeira para manter o movimento aceso naquele momento em que começava a primeira grande ofensiva das forças imperiais. Houve uma corrente separatista entre os políticos farrapos? Parece fora de dúvida que havia, mas era minoritária. Com o desenrolar dos fatos, no entanto, sua influência se tornou crescente, uma vez que os acontecimentos, depois de deflagrada a Revolução, começaram a tomar rumos imprevistos e incontroláveis.

“O separatismo foi um momento, ou melhor, um condicionamento que se achou para galvanizar a opinião pública, orientá-la para uma doutrina que dessem novos resultados, até mesmo militares. O que se pensou, na verdade, foi uma posição provisória, um afastamento temporário e uma república que se incorporaria ao Brasil quando todo o país se tornasse republicano”, sintetiza Laytano.

“Quisemos ontem a separação de nossa pátria, hoje almejamos a sua integridade”, declarou David Canabarro quando negociava a paz.

Autores divergem sobre as razões da proclamação

Fernando Callage

“Neto proclamou a República por ser republicano e pretender levar esta forma de governo ao restante do Brasil”.

Rubens Barcellos

“Os revolucionários queriam a República, a separação foi um meio acidental para conquistá-la”.

Walter Spalding

“Foi um ato de desforra, que antes jamais fizera parte das cogitações de Antônio de Souza Netto, pois não era republicano. Foi convencido por Joaquim Pedro Soares e Manuel Lucas de Oliveira”.

Henrique Wiederspahn

“Domingos José de Almeida, o verdadeiro cérebro da Revolução, e João Manoel de Lima e Silva, republicanos exaltados, convenceram Neto a aproveitar o momento da vitória”.

Domingos Almeida

Domingos Almeida

Coelho de Souza

“A separação foi provisória, até que as demais províncias da república proclamassem a República, unindo-se pela federação”.

Dante de Laytano

“Foi uma imposição que fizeram a Antônio de Souza Neto”.

Alfredo Varela

“O ato de Antônio de Souza Neto é uma resposta às instigações de Oribe, presidente do Uruguai, a fim de que o Rio Grande do Sul se unisse ao país platino, contra o Império do Brasil”.

Tarcísio Taborda

“A República não estava nos propósitos da Revolução. Netto não se manifestara republicano em nenhum momento”.

Tasso Fragoso

“A vitória do Seival não basta para explicar a proclamação”.

 

Jornal JÀ/Bom Fim