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Mundo vive o fenômeno da antipolítica

Eleitores de diferentes países não se sentem representados pela classe política e consideram todos os políticos desonestos

As eleições municipais deste ano registraram um número tão alto de abstenções que chegou a preocupar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pouco após a divulgação dos dados, o presidente do órgão, o ministro Gilmar Mendes, disse perceber um estranhamento entre o eleitor e a classe política. “Alguma coisa se traduz nessa ausência ou também na opção pelo voto nulo”, disse Gilmar, em uma coletiva.

Porém, o fenômeno observado pelo ministro não se restringe ao Brasil. Esta semana, pesquisas encomendadas pelo New York Times em parceria com a rede CBS mostraram que Hillary Clinton retomou a vantagem sobre Donald Trump. Porém, elas também revelaram um crescente descontentamento do eleitor americano com a classe política.

Oito em cada dez entrevistados disseram sentir mais aversão do que empolgação em relação ao pleito presidencial. Os eleitores americanos rejeitam e veem ambos os candidatos como desonestos e incapazes de reunificar os EUA após uma das eleições mais amargas do país.

O clima tóxico na política também ameaça países europeus. Na Itália, por exemplo, o partido Movimento Cinco Estrelas (M5S), fundado em 2009 e conhecido por seu viés antipolítico, ganha cada vez mais eleitores. Em junho deste ano, eles conseguiram eleger Virginia Elena Raggi como prefeita de Roma, a primeira mulher a gerir a cidade.

Na Espanha, o partido Podemos avança tendo como principal bandeira a rejeição ao que chama de “casta política”, a qual acusam de subtrair o poder democrático. Sua principal figura é o secretário-geral do partido, Pablo Iglesias.

Vários fatores contribuem para o ceticismo dos eleitores ao redor do mundo em relação à política. Um é a descrença na capacidade de renovação dos partidos, sempre dominados pela chamada “velha política”. Outro é a sensação de que a classe política atual não representa os eleitores nem seus interesses. Exemplo disso é o Rio de Janeiro, onde votos nulos superaram os recebidos pelo prefeito eleito, Marcelo Crivella. Uma recente proposta de salário vitalício para vereadores do estado, apresentada em plena época de ajuste fiscal, gerou indignação na população e acabou sendo vetada.

A própria Operação Lava Jato começa a ser alvo de desconfiança por parte da população, que questiona se ela realmente será capaz de livrar a política brasileira da corrupção. O ceticismo ocorre através de comparações com a Mãos Limpas, operação italiana que inspirou a Lava Jato. Desencadeada na década de 1990, a operação tinha como objetivo “limpar” a política italiana, mas acabou resultando na ascensão do governo de Silvio Berlusconi, um dos mais corruptos da história do país.

Além desses fatores, a desesperança em relação à política também é alimentada pela crise financeira que assola vários países desde 2008.

 

Fontes: 

The New York Times-Voters Express Disgust Over U.S. Politics in New Times/CBS Poll