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Ao menos quatro políticos gaúchos teriam recebido propina da JBS

Deputados Alceu Moreira, Onyx Lorenzoni, Jerônimo Goergen e o ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira foram citados por delatadores

Por: Guilherme Mazui / RBS Brasília e Fábio Schaffner / Brasília
19/05/2017 – 14h52min | Atualizada em 19/05/2017 – 16h15min

 

 

Pelo menos quatro políticos gaúchos são citados pela JBS por supostamente terem recebido vantagem indevida da empresa. Os deputados Alceu Moreira (PMDB), Onyx Lorenzoni (DEM), Jerônimo Goergen (PP) e o ex-deputado e ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira são citados por Joesley Batista e Ricardo Saud.

Moreira, Onyx e Goergen teriam recebido o dinheiro no Rio Grande do Sul, entregue pelo presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carne Bovina, Antônio Jorge Camardelli. A JBS relata um pagamento de R$ 200 mil em espécie a Moreira no dia 27 de agosto de 2014. O mesmo valor, também em dinheiro vivo, teria sido entregue a Onyx em 12 de setembro de 2014. No mesmo dia, Goergen aparece como supostamente tendo recebido R$ 100 mil. 

Outros R$ 200 mil teriam sido destinados a Ferreira em 2 de outubro de 2014, por meio de pagamento de nota avulsa emitida pela Gráfica e Editora Comunicação Impressa. Os delatores citam inclusive o número da nota fiscal, 6.883.

Goergen é o único a ter declarado doações oficiais da JBS na eleição de 2014. No total, ele informou à Justiça Eleitoral cinco repasses da JBS, via direção nacional do partido, no valor de R$ 850 mil. Nenhum dessas doações, contudo, tem data de registro em setembro. Duas teriam sido feitas em julho e as outras três em outubro. 

Segundo os delatores, os pagamentos teriam sido feitos para financiar, via caixa 2 e doação oficial, as campanhas eleitorais. Em geral, os pedidos chegavam a Saud, que submetia a doação a Joesley, a quem cabia autorizar os repasses. Os pagamentos serviriam para que os políticos ajudassem a empresa e não criassem antipatia aos interesses do grupo.

– Se o senhor me permitir, gostaria de chamar de reservatório da boa vontade –explica Saud aos procuradores.

Paulo Ferreira e Alceu Moreira aparecem ainda numa planilha da JBS, batizada de "Repasse não contabilizado a partidos políticos". Há 14 políticos nesta lista. Entre eles, além dos gaúchos, aparecem os nomes do ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), o senador Fernando Bezerra Coelha (PSB-PE) e os ex-ministros Geddel Vieira Lima (PMDB-BA ) e Brizola Neto (PDT-RJ). Na planilha, não há menção aos valores repassados a cada político nem as datas em que os pagamentos teriam sido efetuados.

No depoimento à Procradoria-Geral da República, o executivo da JBS, Ricardo Saud, relata que o modelo de pagamento era definido por cada político, podendo ser tanto em doação oficial de campanha ou em caixa 2, por notas fiscais avulsas ou em dinheiro vivo.

Paulo Ferreira é citado outra vez no depoimento do dono da JBS, Joesley Batista. O empresário cita um repasse de R$ 30 milhões ao ex-ministro Antonio Palocci a pretexto de financiamento da campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010. Não há detalhamento da participação de Ferreira nesse pagamento. À época, ele havia deixado o cargo de tesoureiro do PT e estava em campanha para deputado federal, eleição na qual ficou como suplente. 

Confirma abaixo, a transcrição de trechos do vídeo no qual o executivo detalha como foram feitos os pagamentos aos gaúchos:

Deputado federal Alceu Moreira, do PMDB-RS: R$ 200 mil em espécie entregue no Rio Grande do Sul pelo nosso companheiro Camardelli – informa o executivo.

– Quem pediu? – questiona o procurador. 

– O Alceu Moreira. Pediu pro Camardelli, que é um companheiro nosso, depois eu estive com ele, conversei com ele na Câmara, e nós demos R$ 200 mil em dinheiro vivo.



Deputado federal Onyx Lorenzoni, do DEM/RS: R$ 200 mil em espécie no dia 12/09/2014, entregue no Rio Grande do Sul pelo Camardelli também.

– Esse também pediu pro Camardeli?

– Não, pra mim. Todos esses aqui são muito amigos do Camardelli. Camardelli é o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras, e ele é do Rio Grande do Sul. Ele já foi do Ministério da Agricultura, então é um cara do bem, muito ligado a ele e ele sempre ajudava.

– Então eles pediam pra ele e ele passou pra você o pedido?

– Mas eu tive contato com os três também, só não fiz a entrega do dinheiro.



Deputado federal Jerônimo Goergen: R$ 100 mil em 12/09/2014, entregue no Rio Grande do Sul pelo senhor Camardelli.

– Esses daqui pediram algo ou prometerem algo em troca?

– Apoiar o grupo lá, não deixar ninguém falar nada do grupo, não deixar o povo subir na tribuna e fazer um aparte… – condiciona Saud. 



Deputado federal Paulo Ferreira, na época suplente, estava no cargo e perdeu a reeleição: o antigo tesoureiro do PT teria recebido R$ 200 mil em 02/10/2014. O pagamento teria sido feito por meio de nota avulsa emitida pela empresa Gráfica e Editora Comunicação Impressa, nota fiscal número 6883.

CONTRAPONTOSO que diz o deputado federal Jerônimo Goergen (PP):"Em todas as campanhas que disputei, sempre recebi apoio da JBS em razão do ministro Pratini De Moraes. Trabalhei com ele no ministério (da Agricultura), e ele virou diretor da JBS. Recebi, no último pleito, R$ 400 mil. Também teve um outro depósito, de uma outra empresa do mesmo grupo, acho que é mais R$ 450 mil. Como veio esse dinheiro? Veio pelo diretório nacional. Com o Camardelli, o único contato que eu fiz foi assim: ‘olha se tiver alguém que possa colaborar na campanha, avisa’. Estou surpreso porque nunca neguei que recebia apoio da empresa. Sempre foi tudo oficial, declarado na Justiça Eleitoral."

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