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Um dos mais importantes aliados do governo, o PSDB deve votar quase em bloco a favor da denúncia contra Temer

Um dos mais importantes aliados do governo, o PSDB deve votar quase em bloco a favor da autorização da denúncia contra o presidente Michel Temer na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados.

De acordo com as contas da bancada, dos sete membros do partido na Comissão, apenas um ou dois votarão contra a denúncia.

Um voto certo pró-Temer é o do deputado Paulo Abi-Ackel (MG), que durante as sessões da CCJ sempre se manifesta em defesa do governo.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Ricardo Tripoli (SP), disse que houve interesse de alguns membros de serem substituídos, mas que ele não trocará ninguém.

“Não tem sentido fazer qualquer substituição na CCJ. O partido escolheu seus integrantes lá atrás e estão todos fazendo um bom trabalho. Não vejo sentido em trocar por conveniência. Cada um votará de acordo com sua consciência”, afirmou Tripoli.

Favoráveis a engavetar denúncia

Apenas 44 deputados, sobretudo do PMDB e do PP, se manifestaram contra a autorização para que o STF (Supremo Tribunal Federal) aceite a denúncia de corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, que poderia levá-lo ao afastamento imediato do cargo. Quando o ministro Edson Fachin enviou a denúncia para a Câmara, na última quarta-feira, O Globo começou a procurar os 513 deputados federais, diretamente ou através de seus gabinetes, para saber como cada um pretende votar. O resultado mostra a dificuldade do presidente em conseguir hoje quem o defenda explicitamente.

Os que defendem que seja concedida a autorização somam 121, liderados por PT, PDT, PCdoB e PSB, este último integrante da base aliada do governo até o mês passado e que ainda tem um ministro. O levantamento também captou defecções em vários partidos da base, como PSDB, PR, PSD, DEM e PP. A maioria dos deputados, no entanto, não quis responder como irá votar (197) ou se disse indecisa (74). Apesar de o apoio público a Temer não chegar a 10% da Câmara, a tarefa de seus adversários para aprovar a autorização para que o STF avalie a denúncia é muito mais complexa que a do governo para se manter no Palácio do Planalto.

Assim como ocorre com os pedidos de impeachment, para que uma investigação criminal contra o presidente da República possa ser aberta é necessário que dois terços da Câmara, ou 342 deputados, autorizem o Supremo a avaliá-la. Caso a corte então conclua que há elementos para tornar o presidente réu, este é imediatamente afastado do mandato por até seis meses, enquanto correm as investigações. Neste período, assume o primeiro da linha sucessória, posto hoje ocupado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para impedir que isso ocorra, basta ao governo ter 172 aliados que se disponham a votar contra a autorização ou se ausentem do plenário. Ou seja, os 121 deputados que defendem a abertura de investigação precisam ainda conquistar o apoio de 221 colegas para vencerem no plenário. Já o governo, que tem 44 apoios explícitos, precisa de pouco mais da metade, 128 aliados.

Há 14 meses, logo após a aprovação do pedido de impeachment na comissão da Câmara, O Globo fez enquete semelhante. Na época, embora a proporção também fosse de três votos contra a presidente para cada voto a favor, o cenário era de maior definição. No placar publicado dia 13 de abril de 2016, dois dias após a votação na comissão temática que analisou o pedido de impeachment, o placar era de 309 a favor da saída de Dilma e 110 contrários. Outros 94 não declararam ou se disseram indecisos. Naquele momento, no entanto, as discussões sobre a saída da presidente já se estendiam há muitos meses e o caso já tramitava na Câmara desde o fim do ano anterior.

Agora, parte considerável dos deputados que se dizem indecisos ou não quiseram responder à enquete apresentou como justificativa exatamente o desconhecimento do teor da denúncia e a necessidade de mais tempo para refletir a respeito. Isso ocorreu mesmo dentro do partido do presidente, o PMDB, onde mais da metade da bancada se declarou indecisa ou não quis responder à pesquisa. Militante histórico da legenda, o deputado Jarbas Vasconcelos (PE), ressaltou a falta de conhecimento dos detalhes do processo: “Não posso dizer se meu voto é a favor ou contra a denúncia se ainda não conheço os termos da denúncia”.