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Lula lidera pesquisa para presidente, mas vira réu pela 7ª vez

O ex-presidente é acusado de ter recebido 6 milhões de reais em propina por atuar a favor do setor automobilístico, por outro lado, lidera as intenções de voto para presidente em todos os cenários.

 

Lula vira réu pela 7ª vez, agora sob acusação de venda de MP do setor automotivo. (Reuters)

BRASÍLIA – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se nesta terça-feira (19) réu pela sétima vez, agora em processo movido pelo Ministério Público Federal (MPF) de Brasília sob a acusação de ter recebido 6 milhões de reais em propina para atuar na elaboração e edição de uma medida provisória que prorrogou incentivos tributários ao setor automobilístico. Ainda na terça, pesquisa CNT/MDA mostrou que o ex-presidente Luiz lidera em todos os cenários de eleição para presidente da República, seja para o primeiro, seja para o segundo turno.

Réu pela sétima vez

O juiz Vallisney de Sousa Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, aceitou denúncia contra Lula, o ex-chefe de gabinete dele e ex-ministro Gilberto Carvalho por corrupção passiva.

Os dois foram acusados pelo MPF de favorecer indevidamente montadoras de automóveis na edição de uma medida provisória. Segundo as investigações, o dinheiro oferecido por um grupo de lobistas tinha por objetivo garantir a edição da norma da forma defendida pelas montadoras.

Na decisão em que aceitou a acusação, o magistrado afirmou que a denúncia descreve a "plausibilidade" das alegações dos fatos tidos como criminosos conforme previsto no inquérito policial, havendo "prova da materialidade e indícios da autoria delitiva".

“Assim, nesse juízo preliminar, não vislumbro qualquer elemento probatório cabal capaz de infirmar a acusação, sem prejuízo da análise particularizada, com a eventual contraprova, quando poderá eventualmente ocorrer absolvição sumária, se for o caso”, destacou o juiz, na decisão.

Outras cinco pessoas também se tornaram-se rés na ação pelos crimes de corrupção ativa e passiva.

Essa é a segunda denúncia contra Lula na operação Zelotes. O ex-presidente já havia sido acusado, ao lado de um de seus filhos, de organização criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de influência na decisão do governo brasileiro de comprar caças Gripen NG, fabricados pela sueca Saab.

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa Lula, disse que a aceitação da nova denúncia é mais episódio do que afirma ser uma perseguição política ao ex-presidente.

“A inocência do ex-presidente Lula deverá ser reconhecida também neste processo porque ele não praticou qualquer ilícito", disse Zanin na nota.

“O ex-presidente jamais solicitou, aceitou ou recebeu qualquer valor em contrapartida a atos de ofício que ele praticou ou deixou de praticar no cargo de presidente da Republica.”

Pesquisa 

O levantamento CNT/MDA mostrou que o ex-presidente Luiz lidera em todos os cenários de eleição para presidente da República e aponta ainda uma consolidação do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no segundo lugar das simulações, apontou o presidente da CNT, Clésio Andrade, e um alto índice de rejeição a todos os nomes colocados, o que pode favorecer o surgimento de um nome pouco ligado à política, um “outsider”.

“Um ponto importante nesses dados é que o Lula ganha em todos os cenários, tanto de primeiro quanto de segundo turno, Jair Bolsonaro consolida em segunda posição e a situação muito crítica do Aécio (Neves, do PSDB de Minas), praticamente fora do jogo”, disse o presidente da CNT.

Segundo a pesquisa, Lula é o primeiro colocado na resposta espontânea, com 20,2 por cento dos votos, enquanto Bolsonaro ocupa a segunda posição com 10,9 por cento, seguido do prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), com 2,4 por cento.

O nome da ex-senadora Marina Silva (Rede) foi lembrado por apenas 1,5 por cento dos entrevistados, enquanto o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) por apenas 1,2 por cento cada.

Perguntas estimuladas

Nas perguntas estimuladas, em que nomes pré-determinados são oferecidos aos entrevistados, Lula também é o que recebe a maior parcela de votos. No primeiro cenário de primeiro turno, Lula teria 32,4 por cento, seguido de Bolsonaro com 19,8 por cento, e de Marina com 12,1.

Aécio aparece em quinto lugar com apenas 3,2 por cento, atrás de Ciro que tem 5,3 por cento. Até um tempo atrás favorito para ser o candidato tucano, o senador mineiro Aécio chegou a ser afastado do mandato em maio por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo, após ser gravado em uma conversa com o empresário Joesley Batista na qual teria pedido 2 milhões de reais para pagar os advogados que fazem sua defesa em inquéritos na Justiça.

O tucano melhor colocado nas pesquisas é Doria, que angaria 9,4 por cento dos votos na quarta colocação em um cenário de primeiro turno que traz Lula na liderança com 32,7 por cento, Bolsonaro em segundo com 18,4 e Marina com 12 por cento.

No cenário em que o candidato do PSDB é Alckmin, o governador paulista também fica em quarto lugar, com 8,7 por cento dos votos. Com 32 por cento, Lula lidera, seguido de Bolsonaro, com 19,4 por cento, e de Marina com 11,4 por cento.

Nas simulações de segundo turno, Lula venceria Bolsonaro por 40,5 a 28,5 por cento; Doria, por 41,6 a 25,2 por cento; Alckmin por 40,6 a 23,2 por cento e Aécio por 41,8 contra 14,8 por cento.

A liderança de Lula na pesquisa se dá mesmo após o ex-presidente ter sido condenado em julho pelo juiz federal Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção passiva no caso envolvendo um tríplex no litoral paulista.

Ocorre também depois de o ex-ministro Antonio Palocci ter acusado Lula, no início do mês, de ter se beneficiado diretamente de propinas da Odebrecht. O ex-presidente diz que é inocente de qualquer ilegalidade.

Reuters/dom total///