Advogados que acompanham as investigações observam que há no episódio uma supervalorização do poder de Segovia (foto) para proteger Temer. (Foto: EBC)
Sob pressão Delegados da PF (Polícia Federal) acharam insatisfatórias as explicações do diretor-geral da corporação, Fernando Segovia, para a entrevista em que opinou sobre a investigação do decreto presidencial que beneficiou operadores de portos.
Lembram que esta foi a segunda vez que Segovia apontou fragilidades em um inquérito sobre o presidente Michel Temer e pressionam a associação nacional da categoria a pedir em público seu afastamento do cargo se não houver retratação.
Ao assumir a função, em novembro, Segovia disse que a mala de dinheiro entregue por um diretor da JBS ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer, era insuficiente como prova de corrupção.
Dirigentes da associação dos delegados decidiram aguardar a resposta que Segovia dará após o Carnaval ao ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito no STF (Supremo Tribunal Federal). Esperam que o diretor-geral admita que errou e deixe claro que o delegado do caso, Cleyber Lopes, não será perseguido.
Advogados que acompanham as investigações observam que há no episódio uma supervalorização do poder de Segovia para proteger Temer. Quem vai decidir se as provas são suficientes para levar o caso à Justiça é o Ministério Público, não a polícia, lembram.
“Novela”
A “novela” iniciada pelas declarações do diretor-geral da PF, Fernando Segovia, tem mais um capítulo. Depois de ser interpelado por associações de policiais e delegados federais e de ser enquadrado pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso, Segovia tentou se defender.
Ele teria enviado uma mensagem de texto por telefone ao magistrado, solicitando audiência para se explicar das declarações sobre o inquérito em que o presidente Michel Temer é o investigado. Barroso, que na manhã de sábado já o havia intimado a dar explicações, marcou a reunião para a quarta-feira, dia 14 (algumas notícias dão conta que o encontro será realizado na segunda-feira da semana que vem, 19 de fevereiro).
De acordo com a imprensa de Brasília, entretanto, alguém do gabinete do ministro informou que não houve um telefonema, e sim uma troca de mensagens escritas, em que Segovia alegou ter sido “mal interpretado” na entrevista que concedeu à agência internacional de notícias Reuters – o material foi veiculado na sexta-feira e desagradou a várias frentes, incluindo o Palácio do Planalto e o próprio STF.
Conteúdo
Na malfadada entrevista, Segovia diz que não há provas de crime contra o presidente da República no inquérito que trata do decreto da área portuária. E que, caso o presidente acione formalmente a Polícia Federal pelo tom das perguntas formuladas pelo delegado responsável pelo caso, poderia ser aberto um procedimento administrativo disciplinar contra ele.
Nota à PF
Em nota enviada aos servidores da Polícia Federal, Fernando Segovia negou que tenha previsto o arquivamento de um inquérito que investiga Temer . O comunicado aos colegas afirma que as investigações contam com “autonomia e isenção” e que Segovia “confia nas equipes da PF”.
“Afirmo que, em momento algum, disse à imprensa que o inquérito será arquivado. Reafirmo minha confiança nas equipes que cumprem com independência as mais diversas missões. É meu compromisso na gestão da PF resguardar os princípios republicanos”, frisou.
“Asseguro a todos os colegas e à sociedade que estou vigilante com a qualidade das investigações que a Polícia Federal realiza, sempre em respeito ao legado de atuações imparciais que caracterizam a PF ao longo de sua história”, concluiu.
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