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Eleições serão gatilho para novo ciclo de altas da Selic

O mercado ainda está se acomodando após a taxa Selic atingir o menor nível desde sua criação, em 1996, e os investidores estão cautelosos para novas aplicações. Nem dólar nem inflação vão conseguir impactar consideravelmente a taxa básica de juros que só deve voltar a subir após as próximas eleições presidenciais, segundo a Reag Investimentos, gestora de fundos de investimentos.

– Existe um forte "colchão", ou seja, medidas amortecendo o déficit público, que após o período eleitoral pressionará uma nova alta. Efeitos práticos serão sentidos, como o aumento nos preços administrativos e a dívida líquida do setor público que começará a subir – analisa Simone Pasianotto, economista da institição, que estima que o ajuste acontecerá em setembro de 2019. Hoje, o déficit representa 52% do PIB, em setembro será 55,9% e vai fechar o ano em 56,6%; diante desse cenário, será inevitável elevar a taxa básica de juros.

Há pouco mais de um ano com os juros em 14,25%, o Brasil liderava o ranking mundial de maiores juros reais. Com a Selic próxima de 6,25%, o país caiu para sexto lugar, atrás de Turquia, Argentina, México, Rússia e Índia. As taxas continuarão baixas até o final do 1º semestre de 2019, porém Pasianotto alerta que o consumidor não terá tempo de sentir esse impacto:

– Ainda mais quando se trata de baixos juros bancários. O spread é muito alto no mercado brasileiro e impede que o custo do crédito seja menor para o consumidor. A taxa Selic tem uma influência direta, mas não consegue evitar isso.

O spread bancário do país é o segundo maior do mundo (39,6%) e é sete vezes maior que a média mundial, que representa 5,47%, de acordo com o Banco Mundial.

A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, marcada para maio, deverá resultar em uma nova e última redução da Selic, porém o panorama dos próximos quatro anos, de acordo com estimativas da Reag, é otimista. O cenário até 2022, se um presidente pró-mercado for eleito, é de juros e inflação equilibrados, com o PIB per capita crescendo entre 10% e 15%, refletindo no aumento real do poder de compra e o Ibovespa com sucessivas quebras de recorde de valorização, passando dos atuais 80 mil pontos para aproximadamente 120 mil ao final do mandato do próximo presidente.

 

BC: aumenta preocupação de bancos com risco político e fiscal

Já segundo o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central, as instituições financeiras estão mais preocupadas com o cenário político, devido às eleições deste ano, e com os riscos fiscais.

A pesquisa, divulgada hoje, é feita com 55 instituições financeiras, que representam 92% do sistema financeiro em termos de ativos, envolvendo bancos públicos e privados. Segundo o relatório, a frequência de citação de fatores relacionados com "inadimplência e recessão" continua apresentando forte redução. Depois de ter caído de 90% em maio de 2017 para 72% em agosto de 2017, a frequência de citação desse risco atingiu 56% em fevereiro de 2018.

"A melhora na percepção é consistente com o processo de recuperação econômica iniciado em 2017, refletido no crescimento do PIB nesse ano, após dois anos de recessão", diz o relatório.

Em contraste, acrescenta o BC, a preocupação com riscos políticos continuou sua trajetória de crescimento, e foi o mais citado pelos bancos. "Enquanto esse risco era citado por 44% das instituições em maio de 2017, na última pesquisa foi citado por 64% das instituições, motivado pelas incertezas associadas ao processo eleitoral de 2018", destaca o BC.

Por sua vez, os riscos fiscais continuam a ser objeto de preocupação das instituições, sendo citado por 56% dos bancos pesquisados. "As instituições financeiras mantiveram os riscos políticos e fiscais como os mais prováveis e com maior impacto no sistema financeiro", afirma o relatório.

Nos últimos seis meses, houve piora na percepção de fatores de risco advindos do cenário internacional (citados por 51% dos respondentes em fevereiro de 2018, ante 28% em agosto de 2017) e aumento da probabilidade de acontecer.

"Nesse grupo, a principal preocupação se refere ao processo de retirada de estímulos monetários nos EUA e em outras economias avançadas e suas repercussões no sobrefluxo de capitais e no custo de captação de países emergentes", explica o relatório. Esse cenário envolve aumento da incerteza, fuga de capitais, alta do dólar e redução da nota de crédito dada por agências de classificação de risco.

 

Rentabilidade – O relatório do BC também aponta que a rentabilidade dos bancos foi "fortemente beneficiada" pela queda das despesas de provisão (recursos reservados para o caso de inadimplência). Segundo o relatório, o retorno sobre o patrimônio líquido alcançou 13,8% em dezembro de 2017, com aumento de 1,3 pontos percentuais em relação a junho do ano passado.

Apesar do recuo nas provisões, o BC avalia que o nível de provisões permanece adequado ao perfil de risco, tanto para empresas quanto para famílias. "O nível de provisões, quando comparado com a carteira de ativos problemáticos, conservou-se acima de 80% durante todo o ano de 2017, indicando que o sistema financeiro vem mantendo provisionamento em linha com o perfil de risco da carteira de crédito", diz o BC, no relatório.

Segundo o BC, a redução do risco de crédito às famílias e às micro e pequenas empresas propiciou queda das despesas de provisão, "influenciando de forma relevante o aumento da rentabilidade dos bancos".

Para 2018, a expectativa é de arrefecimento do movimento de recuperação da rentabilidade. Por um lado, despesas de provisão em contração menor e potencial redução das margens de juros pressionam a rentabilidade para baixo". Entretanto, há expectativa por "ganhos de eficiência, busca por fontes alternativas de receitas e a retomada do crescimento de crédito", aponta o relatório.

 

Com informações da Agência Brasil/monitor dogital///