Com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o senador Renan Calheiros (AL) lidera um movimento de dissidência dentro do MDB para tentar fragilizar ainda mais a candidatura à reeleição do presidente Michel Temer. Calheiros articula com emedebistas o lançamento de uma chapa presidencial concorrente à de Temer na convenção nacional do partido, em julho. As conversas com líderes da sigla já começaram.
A ideia é buscar o controle de diretórios regionais para que o partido chegue dividido à convenção. Calheiros começou pelos Estados cujas lideranças emedebistas têm ligação com Lula ou se beneficiam da persistente popularidade do ex-presidente.
Entre eles estão Eduardo Braga, no Amazonas, ex-ministro de Dilma Rousseff, e Jader Barbalho, no Pará. Também estão na lista da primeira rodada de negociação Ceará e Paraná, com o presidente do Senado, Eunício Oliveira, e o senador Roberto Requião, respectivamente.
Caso aceitem mudar de lado, teriam o apoio do PT ou de outro partido de esquerda em uma coligação local. Parlamentares que participaram das conversas afirmam que a chapa dissidente pode até abrir mão de um nome do MDB à Presidência. O partido teria a vice-presidência.
Nas conversas, o senador defende que o MDB não pode ficar refém de Temer, cujo projeto de governo, avalia, não decolou. Calheiros se move nesse tabuleiro em busca da sobrevivência política. O senador e seu filho são candidatos à reeleição ao Senado e ao governo de Alagoas, respectivamente.
Para Calheiros, a economia se recuperou, mas o crescimento ainda é pífio. Tanto que Temer, no melhor cenário, segundo a última pesquisa do Datafolha, alcança 2% das intenções de voto nas pesquisas. Pivô do programa econômico de Temer, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles é elogiado pelo senador. Porém, Calheiros vislumbra dificuldades para que Meirelles convença o partido de que é o candidato certo, seja a vice de Temer ou no lugar do presidente, na cabeça da chapa.
Recentemente, Meirelles trocou o PSD, do ministro Gilberto Kassab (Comunicações), pelo MDB para ser o candidato do governo à Presidência, mas só tem 1% das intenções de voto.
Procuradoria
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, cobrou em ofício ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a PF (Polícia Federal) compartilhe dados encontrados após busca e apreensão nas casas de Rodrigo Rocha Loures, ex-deputado e ex-assessor de Michel Temer; do coronel aposentado João Baptista Lima Filho, amigo de Temer; nas empresas Argeplan e Rodrimar e na sede do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), em 2017.
A procuradora explicou que dez mandados de busca e apreensão foram expedidos para os endereços e alguns dos itens recolhidos ainda não foram enviados pela PF para análise da Procuradoria-Geral da República. “Por outro lado, verificou-se que a autoridade policial não encaminhou alguns itens apreendidos, sendo necessário ultimar a análise de tais bens e documentos, ante o lapso temporal já decorrido desde a deflagração da Operação Patmos”, afirmou Raquel no ofício.
O ofício foi assinado em 9 de abril por Raquel e, posteriormente, encaminhado para o ministro Edson Fachin. “Ante o exposto, a Procuradora-Geral da República requer a conclusão pela autoridade policial das análises dos bens apreendidos que ainda não foram juntados aos autos”, conclui a PGR.
Lima e Temer são amigos há décadas e mantêm relações próximas até hoje. Um relatório de busca e apreensão da Operação Patmos diz que Lima é um homem com acesso direto ao presidente. O coronel é o dono da empresa Argeplan, que também foi alvo de busca e apreensão. Ele foi preso no fim de março pela Operação Skala da PF.
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