Com base nos resultados das pesquisas do Datafolha, o diretor do instituto, Mauro Paulino, assegura: “Lula ainda é o centro dessa eleição, o centro das atenções, aquele que determina o andamento, o comportamento dessa eleição”; para ele, há um "bolo de indignação" na sociedade e esse caldo de cultura "faz com que as pessoas ainda escolham Lula, porque lembram das melhorias que tiveram na vida durante os governos dele”
24 DE AGOSTO DE 2018 ÀS 09:39 //
247 – Com base nos resultados das pesquisas do Datafolha, o diretor do instituto, Mauro Paulino, assegura: “Lula ainda é o centro dessa eleição, o centro das atenções, aquele que determina o andamento, o comportamento dessa eleição”. Para ele, há um "bolo de indignação" na sociedade e esse caldo de cultura "faz com que as pessoas ainda escolham Lula, porque lembram das melhorias que tiveram na vida durante os governos dele”. Ele concedeu entrevista aos jornalistas Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, do site Tutameia.
Na análise do diretor-geral do Datafolha, “a emoção ainda é o que rege a definição do voto, mais do que o cálculo, a razão. Especialmente no eleitorado de Lula”.
Para ele, “esta eleição vai depender muito do que vai acontecer com o Lula, de como o PT vai trabalhar o fato de Lula não poder participar, e em que momento vai lançar a campanha Haddad e de como vai fazer para que Haddad se torne conhecido, com credibilidade”.
Ele falou sobre a capacidade de transferência de votos de Lula, comparando-a à de Getúlio Vargas, em 1945, que indicou Eurico Dutra como seu candidato cinco dias antes da eleição: “Quando se pergunta quem foi o melhor presidente do Brasil aparece Lula em primeiro e Getúlio em segundo. Getúlio tinha um poder de transferência alto e que deu certo naquele momento. Que é algo que pode se repetir, deve se repetir em algum nível a partir do horário eleitoral gratuito”.
Alguns destaques da entrevista:
“O medo do desemprego é altíssimo. Temos o pior presidente da história, o congresso com a pior avaliação da história. A corrupção é o pano de fundo que alimenta essa indignação, empatada com saúde. Tudo isso forma um bolo de indignação. Quando a pessoa vai ao supermercado e não consegue encher o carrinho como enchia antes e volta para casa e assiste na TV todo o noticiário, há anos, sobre corrupção, [tudo isso] gera a revolta e a indignação”.
“Lula ainda é o centro dessa eleição, o centro das atenções, aquele que determina o andamento, o comportamento dessa eleição. Existe aí um caldeirão de sentimentos que eu diria que poderia ser resumido numa palavra: indignação contra tudo que está aí, que contempla tanto um lado quanto o outro. É o que há de comum aos eleitores, essa indignação. É dessa indignação, desse caldeirão que vão sair as definições dessa eleição”.
Sobre a campanha eleitoral na TV, ele afirma: “A TV ainda será o meio em que os fatos mais importantes vão se dar ou será por onde as pessoas mais vão se informar. As redes sociais, a internet são o que vai tornar esse alcance maior”.
De acordo com Paulino, 75% dos eleitores têm acesso à internet e 30%, 35% informam-se sobre política por meio das redes sociais. “Bolsonaro pescou nesse aquário com muita competência”, diz, acrescentando: “Aparentemente nesse aquário ele já pescou todos os peixes que podia pescar”.
O largo tempo na TV de Geraldo Alckmin pode ajudá-lo, mas não é garantia de sucesso. “Ele tem o maior tempo, com potencial de crescimento alto por conta do tempo, se bem utilizado. Um tempo mal utilizado e farto pode se tornar uma armadilha também”.