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Carnaval 2019: Baixo Augusta atrai milhares com música eclética e cantos anti-Bolsonaro

Banda eclética e com diversos convidados tocou de samba a pop. Foliões entoaram cantos anti-Bolsonaro e, nas fantasias, o que mais se via eram laranjas.

 

O bloco celebrou dez anos desde o primeiro desfile e não deixou de lado seu tradicional tom político. (Tiago Queiroz/AE)

Um dos maiores blocos do carnaval de rua de São Paulo, o Acadêmicos do Baixo Augusta arrastou milhares de pessoas atrás dos seus trios elétricos na tarde deste domingo, 24, na Rua da Consolação, região central da capital paulista. A banda eclética e com diversos convidados, como a rainha Alessandra Negrini, fantasiada de roqueira, Maria Rita e Mariana Aydar, tocou de samba a pop, passando por reggae e forró.

O bloco celebrou dez anos desde o primeiro desfile e não deixou de lado seu tradicional tom político – o tema desse ano lembrava a canção "Que País É Esse", abrindo espaço para o momento político e social do Brasil. Foliões entoaram cantos anti-Bolsonaro e, nas fantasias, o que mais se via eram laranjas.

Ao contrário do que viram os foliões dos blocos que desfilaram no início da tarde, no Baixo Augusta a festa enfrentou um teste de resistência: a chuva. E passou. Às 18 horas, uma tempestade típica de verão caiu com força na região central. Durou 20 minutos, mas foi o suficiente para a banda puxar "Chove, chuva", canção que recebeu o acompanhamento entusiasmado dos foliões.

A recepcionista Heloísa Pereira, de 58 anos, foi pela segunda vez à Consolação no pré-carnaval. Foi exatamente a energia da festa que a trouxe de volta em 2019. "É muito animado", disse. Ela comemorou o que chamou de um carnaval mais respeitoso.

Para o folião Júnior Faria, de 35 anos, que está no seu oitavo Baixo Augusta, o que encanta é a pluralidade do público e da música. "Penso que há dez anos o carnaval era mais conservador. Hoje é mais diversificado e isso é muito bom", disse.

Bloco Confraria

Ao som de Raça Negra, os foliões que decidiram colocar o bloco e os corpos na Rua dos Pinheiros neste domingo, 24, onde o bloco Confraria do Pasmado comemora 15 anos de atividades carnavalescas, cantaram em coro: "Me ajude a segurar essa barra que é gostar de você". A coreografia era simples: mãos para cima segurando uma suposta verga (ou seriam alguns sentimentos pesados?). Foi como se todos compartilhassem de amor mal resolvido e aproveitassem o carnaval para aglutinar o individual no coletivo. Ou o contrário.

"O sofrimento tem de ser coletivo. A dor precisa ser compartilhada", brincou o economista Leonardo Nunes, de 38 anos. Paulista, mas morando no Rio de Janeiro, Leonardo veio "só para o bloco", mas tem a desculpa de visitar os pais. Ele segue o Confraria do Pasmado desde o início, há 15 anos, e trouxe a esposa Thaís Nunes, de 36 anos, para conhecer. "É minha primeira vez aqui e estou adorando, bem seguro e tranquilo", resumiu a carioca, elogiando o pré-carnaval paulista quando comparado com o fluminense. "É importante destacar que o bloco está voltando às origens. Ele cresceu muito por um tempo, mas, agora, está mais tranquilo. Pra quem acompanha, prefiro assim", continuou o folião.

Clássicos ‘batucados’ agitam milhares no Ibirapuera

Milhares de pessoas foram às imediações do Parque do Ibirapuera no início da tarde deste domingo, 24, para curtir o pré-carnaval de rua em São Paulo. O calor acima dos 30 graus não desanimou os foliões. Os duzentos percursionistas do Monobloco ditaram o ritmo dos clássicos da música brasileira entoados pelo grupo, que incluiu canções de Daniela Mercury, Gilberto Gil, Skank e Lulu Santos.

A dona de casa Sônia Regina, de 62 anos, saiu de Itaquera para acompanhar a festa. "Gosto de olhar", resumiu. Ela se entusiasmou com o crescimento dos festejos de rua na cidade. "Antigamente não tinha isso. Eu levava as crianças para festas em salões, bailes. Assim é muito legal, desde que não haja briga", disse.

O empresário Cleo Almeida, de 42 anos, estava de passagem. Na bicicleta, carregava a filha Eleonora, de 3 anos. O objetivo: fazer com que ela não tome gosto pelo carnaval. "Não gosto muito dessa euforia, mas passei para ver", disse o pai. A batucada realmente não parecia contagiar a garota, que, de óculos escuros não demonstrava movimento, parecendo mais estar incomodada com o calor.

O vendedor Milton Gonçalves, de 52 anos, também estava de passagem, mas resolveu ficar. "Nunca fui muito de frequentar, mas passei para ver o movimento e resolvi ficar um tempinho", disse ele, observando de longe e o agito promovido pelo trio elétrico.

Para ele, a violência continua afastando muitas pessoas desse tipo de festa. A reportagem observou intenso policiamento e ocorrências pontuais de furto de celular. Outras reclamações como falta de estrutura de banheiros não se repetiram. O bloco recebeu dezenas de unidades móveis e não era notado fila para uso dos equipamentos.

Quem se destacava no meio da multidão fantasiada era o americano Abraão Paolo Woroniecki e sua bandeira gigante. Nela, a mensagem que queria passar: "A vida é tão frágil. Busque a Jesus não a uma igreja." Para ele, o objetivo era passar a mensagem ao maior número de pessoas, e não julgar. "Quero falar para milhões e no carnaval é mais fácil. E muitas pessoas têm vindo me escutar", disse ele para depois mergulhar com sua bandeira na multidão que cantava "Minha Pequena Eva".

Falta de banheiros químicos

Problema relatado neste sábado, 23, pelo jornal "O Estado de S. Paulo" parece se repetir neste domingo, 24. Foliões reclamam da falta de banheiros químicos nas imediações do bloco. "Não vi um ainda. Os estabelecimentos privados é que sofrem", afirmou a advogada Juliana Pasquini, de 36 anos. "Chegamos às 11h30 e, até agora, não achamos um banheiro sequer", completou a amiga Aisha Carvalho, de 32.

Das 1.400 cabines previstas para sábado, somente 1.100 foram espalhadas pelos polos carnavalescos da cidade. O município informou reposição das 300 estruturas, além de outras 300 para compensar a redução no sábado. Ao todo, 1.700 cabines devem ser fornecidas.

Agência Estado/DomTotal.com///