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Indígenas denunciam em carta ameaça representada por Bolsonaro

‘Há dias vivemos as premissas de um apocalipse, do qual os povos indígenas são as principais vítimas’.

 

Índios Guarani fotografados em março de 2019 protestando contra suas condições de saúde em São Paulo (AFP/Arquivos)

 

Treze representantes de povos indígenas denunciaram nesta quarta-feira em uma carta aberta a política ambiental do presidente Jair Bolsonaro, considerada uma ameaça para a maior floresta tropical do mundo e para a sobrevivência dos povos ancestrais.

"Há dias vivemos as premissas de um apocalipse, do qual os povos indígenas são as principais vítimas", alertaram treze representantes da Aliança dos Guardiães da Mãe Natureza em uma carta aberta publicada no jornal francês Le Monde.

"Esse governo quer monopolizar toda a Amazônia, a sangram ainda mais construindo novas rotas e ferrovias", alertam a cacique Ivanice Pires Tanone, da aldeia Kariri Xocó e o cacique Paulinho Paiakan, da Kayapó, ambas no Brasil, entre outros líderes indígenas.

"É urgente que o mundo adote uma declaração universal dos direitos da Mãe Natureza e que todos os Estados ratifiquem e apliquem a Convenção 169", sobre povos indígenas e tribais, afirmaram os membros da aliança criada em Paris durante a COP 21 de 2015.

Os representantes também pediram à União Europeia (UE), segundo parceiro comercial do Brasil, a adotar uma "rastreabilidade irrepreensível que garanta que os produtos vendidos nos países membros não destruam as florestas do mundo, não justifiquem a grilagem de terras e não violem os direitos dos povos indígenas ".

Pediram também aos cidadãos europeus que sejam "exigentes" na hora de escolher o que consomem e que se oponham ao acordo de livre-comércio entre UE e Mercosul.

Este acordo, cujas negociações parecem estar estagnadas, "somente agravaria ainda mais a situação dos povos indígenas e dos defensores do meio-ambiente", alertam.

Desde que chegou ao poder em janeiro deste ano, o governo de Jair Bolsonaro lançou políticas contra a demarcação de terras indígenas e ONGs que combatem a mudança climática.

Assim que foi empossado no dia 1º de janeiro, Bolsonaro transferiu para o Ministério da Agricultura a delicada questão da demarcação de terras indígenas e de vigilância florestal, provocando críticas de organizações indígenas e proteção ambiental.

O governo também aprovou o uso de 121 agrotóxicos, elevando para 2.149 o total dos autorizados no mercado nacional brasileiro, tendência que preocupa por seu impacto no meio ambiente e na saúde.

AFP/dom total///